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[VIAGES ALTAMENTE INSIGHT] Visões de mundo entre magia e ciência

Imagem d’Os Livros da Magia, HQ com roteiro de Neil Gaiman (American Gods, Sandman). Arte de John Bolton.

| Por Germano Rabello* |

Recebi convite de minha quase parenta Lu Rabelo para escrever sempre neste portal Flores no Ar. Achei foi ÓTIMO e agora é o tempo certo mesmo. Nessa coluna, vou trazer algumas reflexões sobre a vastidão dos assuntos humanos. Artes, relações, esoterismo etc. Mas o caminho mágico/intuitivo vai falar mais alto, será o assunto principal ou o prisma pelo qual vou analisar os assuntos. Tenho umas experiências me ligando a coisas djoutro mundo. Ou aos mundos que estão dentro de nós e não percebemos. Os textos serão livres, podem vir também como histórias em quadrinhos, ilustrações, poemas… Vou tentar escrever quinzenalmente.

Começar botando as coisas no lugar. O sentido da vida e o segredo do universo, coisas simples, como transformar chumbo em ouro. Ficam no ar os questionamentos: por que uns escolhem o caminho MÁGICO/INTUITIVO, enquanto outros são adeptos ferrenhos do racionalismo? Como se estabelece essa ligação com o mistério? Através de viages altamente insight…?

Pensa nos seres que foram nossos avôs/avós distantes. Comunidades ditas primitivas de homens ou HOMINÍDEOS. Mesmo na integração com a natureza, já estão em curso as rudimentares invenções. A ciência se desenvolve junto com a religião, a arte também. São fenômenos relacionados, interdependentes. O homo sapiens começa a se perguntar e procurar explicações, criar mitos. E nesses mitos, o divino é a raiz de todas as origens.

Nas culturas originárias de onde viemos não há espaço para uma separação absoluta, embora já haja divisão de tarefas. Nossa cultura atual é fragmentada por natureza, incluindo a especialização e a convivência de inúmeras culturas e visões de mundo. O homem moderno, ápice do racionalismo europeu, caminha no sentido da especialização. Vem daí a DICOTOMIA entre religião e ciência. A gente tem dificuldade de lidar com os diferentes aspectos, transforma tudo em maniqueísmo. Existe uma base de sentido nisso.

São ESCOLHAS de sistemas de crenças, métodos e linguagens:

“Ciência é uma maneira de falar sobre o universo em palavras que nos vinculam a uma realidade comum. Mágica é um método de falar ao universo com palavras que ele não pode ignorar”. Essa frase é d’Os Livros da Magia, HQ com roteiro de Neil Gaiman (American Gods, Sandman). Eu devia ter uns 15 anos quando li pela primeira vez. Continua tão instigante quanto na época. O chamado da aventura é bem explícito: Tim Hunter precisa atravessar um portal gigantesco de luz. Essa decisão de abandonar o senso comum e adentrar os mundos desafiadores, todos nós fazemos em algum momento da vida. Ou o tempo todo.

Muitas vezes deixamos encostada a porta por onde poderiam entrar o miraculoso e o mistério. Mas essa entrada não pode ser fechada em definitivo. Os cientistas e racionalistas vão estranhar as outras leituras do universo. E estão certos. Tudo tem sentido no seu dado CONTEXTO, pois a existência de energias sutis não é real ainda para eles.

Guillaume Apollinaire

Existem perigos ao abrir a porta, é certo. Ter que acomodar uma nova visão do mundo e admitir que não estivessem com a razão inteira, só com uma parte dela. Tornam-se visíveis algumas coisas não muito boas, até os MONSTROS que nós mesmos alimentamos no sótão da nossa mente. Todavia sem enfrentar os perigos não poderemos conhecer os aspectos fascinantes dessas novas realidades. “Esta é a casa onde nascem as estrelas e as divindades”, no dizer de Apollinaire.

Religião e ciência operam em fundamentos diferentes. Mas existe método na religião, assim como existe intuição na ciência. Os grandes sábios místicos são INVESTIGADORES da realidade, no que ela tem de mais escondido. Sejam mestres budistas, iogues, alquimistas, xamãs, cristãos, eles desvendam conexões causais que a ciência não sonha ainda em estabelecer. O principal diferencial, em relação ao cientista, é que não há ilusão de parcialidade, de separação: o que é observado está também DENTRO. É aprender uma maneira de se portar no mundo.

E a primeira coisa a observar é que todas as tendências devem ser respeitadas. Se você é racionalista e vê seu colega em rituais, meditações… Saiba que ele está ali para APRENDER. Escolheu outros assuntos, outros pontos de vista. Um caminho que se mostrou a ele, compatível com sua vibração. E muito bem que ele vá naquela direção.

Da mesma forma, Hare Bo, relaxe com as diferenças. Aprecie o empenho da pessoa em construir aquela forma de sabedoria, na sua linguagem. Se for convidar alguém para vivenciar o seu lado, respeite a incredulidade. E em alguns casos de rituais mais fortes, se pergunte se a pessoa está preparada. Esse cuidado é sua forma de demonstrar amor e apreço pela REALIDADE da pessoa. Tudo está acessível a todos, mas melhor ir de maneira progressiva, não ter pressa.

Vamos se respeitando. Fazendo tudo com carinho vai acontecer.

Ficam abertos os trabalhos desta coluna. Aceitarei com alegria os retornos e críticas, trocas de ideias. Muito assunto pra conversar por aqui. Toda uma Magical Mystery Tour esperando para te levar. Eu deixei umas palavras em CAIXA ALTA porque tava me dando agonia de ver tanto texto sem desenho, mas vou sempre anexar algumas imagens e sons de referência, até alguns desenhos meus. Massa?

Hoje e daqui em diante me sinto bem sobrenatural. Que é o natural começando a se ampliar. ABRA-SE-CADABRA-SE, como diria Gilberto Gil! Exu e Ganesha abram os caminhos! Embarquem aqui todos os interessados nessas viages altamente insight!

Abaixo vai uma pequena jóia musical, os Animal Collective, que escutava ao terminar o texto e dá uma ideia boa de quão maluca, desafiante e alucinada pode ser a jornada do ser humano. E de que a entrada do sobrenatural e da espiritualidade não é necessariamente tranquila e quietinha. Não é necessariamente um CD de músicas relaxantes. Pode trazer esse delírio maravilhoso, pode te deixar eufórico, variar tuas emoções em ondas sucessivas. Mesmo que você esteja no caminho do meio budista. É isso: profundamente vivo na intensidade.

* Germano Rabello é músico/ compositor, poeta (não somos todos?), escritor, roteirista, ilustrador, faz HQs e zines, de vez em quando curtas. Nasceu do casamento de uma psicóloga e um historiador.Também conhecido como German Ra, integra a banda Sabiá Sensível e é formado em jornalismo. Vai por aí em busca das curtições e das emanações de sabedoria.
Contato: germanra@gmail.com

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