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[ZÉ DE JOANA] “Quem foi nós?!”

Foto: Arquivo da família

| Por Lu Rabelo* |

Hoje, 26 de janeiro de 2024, painho completaria 93 anos de vida terrena. Em março vai fazer 4 anos que ele se encantou. Ainda estou aprendendo a viver sem ele aqui. É uma outra vida desde que ele se foi pro lugar misterioso. A saudade é perene. Ele era o meu conselheiro, e junto à mainha, minha proteção.

Devagarzinho tenho tomado coragem de pegar nos escritos dele. Devagarzinho porque qualquer coisa ainda é gatilho pra saudade aumentar. Mas o pouco que tenho lido só reafirma o quanto painho é iluminado, um ser bom. Lembrei agora de um artigo dele com o título: “É bom ser bom!”

Recebi esta foto esses dias no grupo do zap da família. Acho que era ele em seu gabinete no Bandepe, quando era diretor de Crédito Rural, no início dos anos 80. E aí recordei de uma das últimas conversas que tivemos, ele já de cama, quando tava me contando algumas de suas histórias e, entre lágrimas, afirmou: “Sempre gostei de pobre!”. Ele que foi criado pela mãe, sem pai, num vilarejo paupérrimo do Sertão do Pajeú, honrava sua gente. E pôde ajudar muitas pessoas, seja no Bandepe, seja no Banco do Brasil, como um fiel servidor público.

Outra lembrança que me chegou recentemente foi quando ele, já bem doente, numa visita que o fiz, ao saber que eu tava indo embora me perguntou por que eu já ia. Aí eu disse que tinha que trabalhar. Ele então, de forma séria ao mesmo tempo que irônica, questionou: “Pra que trabalhar? Olha pra mim, trabalhei tanto e hoje tô assim”. Apesar do desabafo existencial, sei que ele não se arrependeu do tanto que trabalhou. Na verdade, sempre contava com alegria e orgulho sobre os seus feitos.

26 de janeiro é também a data da morte de vovó-papai, Dona Joana, mãe dele. Sim, ela se encantou no dia do aniversário do seu único filho.

Uma vez painho relatou emocionado que estava aos pés da cama de vovó, ela já perto de falecer, e chegaram umas amigas dela dos tempos de infância para visitá-la. Vovó olhou pra elas e, nostálgica, balbuciou: “Quem foi nós?!”

O que eu sei é que, depois que painho fez a passagem, pra mim o Céu ficou mais perto e a morte mais professora.

Te amo, meu veínho!

*Lu Rabelo é filha de Zé de Joana, cantadeira, arteterapeuta, jornalista e editora do Portal Flores no Ar.

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