[GALERIA] ‘O sensível feitiço de uma feroz dualidade’
| Por Morgan Leon |
Antes de tudo, gostaria de começar esta escrita afirmando meu posicionamento dentro da arte contemporânea – trabalho com o sensível feitiço de uma feroz dualidade. Dualidade esta que talvez seja o coração da minha obra.
Me chamo Morgan, tenho 27 anos, e sou um artista não-binarie de Recife/PE. Tento propagar o repensar do movimento de precariedade do homem em meio a sua própria natureza. Nesse sentido, o precário está afastando o (ser) humano do seu próprio lugar afetivo-humano, onde nele é possível obter um olhar observador e dotado de sensibilidade, capaz de vir à tona manifestações artísticas que – por controvérsias e oposições diante de um sistema que propaga a mecanização generalizada – o afasta da obtenção desse olhar.
As experiências que vivenciei ao longo de minha vida, boas, ruins, intensas, e até mesmo entediantes, me proporcionaram visitas a lugares antes desconhecidos dentro de mim. Talvez, esse seja o principal recurso artístico que me permitiu/permite criar até hoje, metaforicamente falando, o acesso ao coração do coração. A partir dele, é possível extrair uma linguagem própria, unicamente sua, capaz de sensibilizar, não de uma forma totalmente planejada, ou pré-condicionada, mas a partir de um inconsciente individual que foi expressado. É através desse lugar contemplativo surgido por meio de um olhar observador no cotidiano — e que tanto fala sobre nós — que venho trabalhando nesse mar expressivo de desenhos e instalações sobre corpo-sentimento desde 2013.
A Imagem do Artista
Desfazendo a imagem do artista como sujeito dotado de essência extraordinária, cuja emergência da obra nada mais é que a mera atestação de uma subjetividade distinta, encontro também na arte minha própria abertura às experiências, ao modo como a vida nos abala, altera e produz.
Numa entrevista recente, o historiador de arte Georges Didi-Huberman recordava o já falecido poeta e cineasta Pier Paolo Pasolini para indagar: o que significa a liberdade artística, enquanto tudo ao redor está privado de liberdade? Se a liberdade artística pode atualmente se tornar um fetiche que esconde a falta de liberdade de todos os outros indivíduos, penso que os cruzamentos entre subjetividade individual e condição coletiva é o que carecemos em tempos sombrios nos quais estamos vivendo.

Exposições
Em 2017, tive a honra de realizar minha primeira exposição individual, “Jardim das Estações” no Sesc Casa Amarela – Recife/PE, e exposições coletivas pela cidade, entre elas, a “Mostra à Beira”, no edifício AIP. Em 2020, fui selecionado para compor o “Salão Dorian Gray”- Natal/RN, com a ilustração “Devorar”.

Fazendo uma singela homenagem às diferentes formas de amar, e integrando um estudo imersivo sobre o abandono, “Jardim das Estações” é um conjunto de expressões artísticas que buscam através de 20 ilustrações, 3 instalações e 1 performance, mostrar o processo da “força do eu” diante das perdas e faltas amorosas, onde personagem e cenário se tornam um só. Questionamentos sobre a impossibilidade de permanecer, a solidão, distanciamentos e aceitações, são colocadas em prova emergindo uma aproximação realista do cotidiano social. O corpo se funde entre o masculino e o feminino, fomentando novas narrativas corporais diante de quem vê – estabelecendo, assim, um estímulo de coragem entre público e obra, onde barreiras entre o real e o imaginário são quebradas a todo instante.
A exposição ainda foi dividida em 4 ciclos, exercendo em cada um simbologias humanísticas sobre cada fase da vida (infância, adolescência, fase adulta e velhice) e conectando-as ao naturalístico, representado pelo ciclo do tempo (primavera, verão, outono e inverno). Tal exposição foi exibida também no Festival de Inverno de Garanhuns, na Casa Galeria Galpão em 2022.
Por fim, ainda em 2022, exibi minha primeira exposição virtual – “Em Tarde, Ser”, através do edital da Lei Aldir Blanc-PE. De cunho sensorial, a exposição tem como objetivo proporcionar momentos de incertezas. A ideia é que as telas não sejam protagonistas, mas sim toda a experiência, que se forma através de um desencontro com o visível.
O registro da mostra está disponível no meu canal do YouTube, e pode ser vista abaixo:
Novos projetos, parcerias e contatos
Atualmente, estou desenvolvendo um novo projeto de exposição, chamado “Lembra como festejávamos a noite toda?” que, sobretudo, fala de tempo diante de um período pós-pandêmico.
Caso você deseje ver um pouco mais do meu trabalho, adquirir alguma obra, fazer algum projeto junto, ou apenas trocar ideia, só entrar em contato pelo meu Instagram ou WhatsApp:
Instagram: @morganleon__
WhatsApp: 81 995772182
Abaixo, compartilho algumas de minhas obras!