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Solidariedade ao poeta Jorge Lopes

Ícone da poesia urbana pernambucana, o poeta Jorge Lopes, nascido no Recife em 1951, está precisando de apoio para cuidar da saúde. Ele encontra-se em tratamento da doença de Parkinson, além de infecção urinária, com complicação nos rins, e perda da sensibilidade nas pernas e mãos, provocando dificuldade em andar e manipular as coisas. Para as pessoas que puderem colaborar financeiramente com o poeta, segue o pix dele: 04162183422 (Danilo Jorge Lourenço Lopes).

Jorge Lopes é poeta, desenhista, compositor e escritor. Foi editor do fanzine ‘Balaio de Gato’, que circulou entre 1989 e 1999, sem periodicidade certa. “O Balaio de Gato era lançado no susto, não tinha data anunciada. Quando chegava, era o maior desbunde na cidade”, relembra o poeta, em entrevista publicada em 2020 no site da CEPE (Companhia Editora de Pernambuco).

“Tenho muito orgulho de ter editado o Balaio de Gato. Hoje percebo a importância que a revista teve. Foi fundamental porque a poesia estava nas ruas e não apenas nos livros empoeirados, nós levamos a poesia para a praia, os mercados, todos os lugares.”

O artista tem vários livretos publicados, entre eles: DOSE DUPLA (com Francisco Espinhara) e CURTA POEMA (com Celso Mesquita). Na Coletânea Poética Marginal Recife, publicou, além de seus poemas, as caricaturas de cada poeta da publicação. Pela CEPE, lançou em 2020 o livro POEMA REUNIDOS, com poesias escritas entre 1970 a 1990.

“Conheci Jorge através de minha mãe (Clene Valadares) que o conheceu na época da fundação do MNU (Movimento Negro Unificado) em Pernambuco. Mainha lhe queria muito bem, e esse bem me foi passado, sendo Jorge parte de minha história e formação poética e artística, importante referência estética e ética”, conta a artista Anaíra Mahin.

Em entrevista ao site Domingo com Poesia, em 2020, o também poeta Valmir Jordão perguntou a Jorge:
– Como se define o cidadão e artista Jorge Lopes?
E ele respondeu:
– O cidadão é o pássaro. O artista é o voo.

 

Poema nacional
(Jorge Lopes)

Poderia dizer
que o poema tem pressa
e acalenta em mim
essa inquietude,
fervendo minhas tripas.
Poderia dizer
que o poema tem fome,
espetada nos olhos da balconista.
Mas o poema é pouco,
para alcançar os homens
adormecidos em seus sonhos de medo;
o poema é pouco,
contra os militares e suas armas mortais,
contra a igreja e seu deus profano,
contra os sórdidos capitalistas
e latifundiários desse meu país.
O poema é muito pouco,
mastigando essa esperança brasileira.

Conto de foda
(Jorge Lopes)

De madrugada
Quando as crianças estão dormindo
O soldadinho de chumbo
abandona o seu posto
E vai trepar com a bailarina
da caixinha de música

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