Sol e Vênus fazem trígono com Plutão
Por Haroldo Barros (artigo publicado originalmente no blog do autor: http://haroldobarros.wordpress.com/)
Intensa triangulação entre esses três planos da alma, no dia 24 de Abril de 2013, indica a possibilidade de transmutação do amor, em suas mais sublimes formas.
Há um interessante mito, uma das mais belas páginas da mitografia grega, que vale a pena conhecer: a história de Orfeu e Eurídice.
O belo Orfeu chamava a atenção pelo seu magnífico talento musical. A suave música da sua lira tocava, com sua plangência poética, o coração de quem quer que a ouvisse. Apaixonado por sua esposa, Orfeu tem, na beleza de Eurídice, a fonte de sua inspiração. O cruel destino, porém, não permitiria que por muito tempo mais perdurasse essa felicidade.
Orfeu se vê vítima da mais terrível tragédia: ao fugir de um importuno pretendente, a desafortunada jovem corria pelos campos quando pisa, em sua desabalada carreira, numa serpente que se ocultava na relva. O traiçoeiro réptil reage imediatamente, picando-a e inoculando-lhe o seu peçonhento veneno.
Eurídice morre, não sem antes murmurar, com seu último alento, o nome do amado.
Inconformado com a perda, Orfeu parte em direção ao Hades, o reino do inferno, região sombria governada por Plutão, para onde iam os mortos, decidido a trazer de volta a sua Eurídice ou morrer tentando.
Ao chegar ao coração do reino das sombras, Orfeu é recebido por Plutão e sua esposa Perséfone, a quem faz o pedido de ter de volta a sua esposa. Imaginando que a sua música poderia falar melhor, Orfeu toma de sua lira e canta a mais terna canção de amor. O dedilhar do amante arranca do instrumento acordes que ressoam por todo o Hades, a ponto de aquecer, por um instante, o sombrio reino. Nem mesmo o impiedoso Plutão deixa de ser tocado pela arrebatadora melodia e concede que Orfeu possa levar de volta ao mundo dos vivos a sua esposa, com uma condição: ela deveria seguir atrás dele, em silêncio, e ele não poderia olhar para trás, sob pena de ser desfeito o trato.
E assim partiu Orfeu, na longa viagem de volta à superfície, seguido pela silenciosa Eurídice. Na iminência de alcançar a saída, Orfeu acaba sucumbindo à desconfiança: com medo de ter sido enganado, olha para trás, apenas para ver Eurídice desaparecer diante de seus olhos.
Desperdiçada a última chance, Orfeu vive infeliz até o fim de seus dias.
Essa história nos traz uma significativa lição: no que diz respeito ao amor e à qualidade das nossas relações, de vez em quando é preciso mergulhar fundo a fim de resgatar a originalidade dos sentimentos, a intensidade do amor e do companheirismo.
Durante esta semana, com a configuração entre Vênus, Sol e Plutão, nós teremos a possibilidade de lançar a luz da compreensão sobre os obscuros meandros das nossas emoções a fim de trazer de volta à superfície, revitalizada, a essência do afeto verdadeiro.
Portanto, aproveite o momento para aquela conversa séria, para aquele recomeço, para dar um fim naquela crise que não tem mais sentido, enfim, para resgatar o romantismo que, afinal de contas, só morre se você permitir.
Mas lembre-se: não cometa o mesmo pecado de Orfeu, ou seja, não olhe para trás. Não fique trazendo as mágoas do passado, os ranços emocionalísticos, os ciúmes egocêntricos, os obstáculos, enfim, que impedem a paz que o amor precisa para florescer. A luz do Sol permitirá dissolver os ranços e mágoas, permitindo um novo começo.
E, se a conjunção entre Vênus e Sol acontece no signo de Touro, tudo será sempre melhor se houver celebração: risos, alegria e festa serão a mais perfeita marca de momentos que têm tudo para ser sublimes.
Aproveite o astral desse momento e arme situações assim.
E aproveite!
Dica literário-cinematográfica: Sonho de uma noite de verão, de W. Shakespeare. Ou sua versão cinematográfica (A Midsummer Night’s Dream, de Michel Hoffman. USA, 1999. Uma bela adaptação, muito bem dirigida e estrelada). E você terá a chance de entender (ou ao menos vislumbrar) os estranhos e muitas vezes cômicos mecanismos do amor.