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Coletivo Lugar Comum realiza evento gratuito dia 15/12/2013 no Solar da Marquesa em Olinda

Foto: Ju Brainer/ Divulgação
Foto: Ju Brainer/ Divulgação

O grupo artístico pernambucano Coletivo Lugar Comum se despede de 2013 com uma festa aberta a trocas e improvisações com muita dança e música ao vivo e entrada gratuita neste domingo (15), a partir das 17h, no Solar da Marquesa, em Olinda. O evento é resultado de uma parceria entre os artistas do Coletivo e o Solar, espaço cultural inaugurado em 2012 pelo artista plástico Flávio Emanuel e a jornalista Daniella Miranda no Largo do Varadouro, próximo ao Mercado Eufrásio Barbosa. A festa marca também o lançamento do site Contato Improvisação Brasil (http://contatoimprovisacao.wix.com/cibr) em Pernambuco, com exibição do documentário Sobre Improvisações em Contato e uma Jam Session de dança com música ao vivo também movida pela improvisação dos músicos Caio Lima e Hugo Medeiros, da banda Rua.

O site Contato Improvisação Brasil é construído e alimentado de modo coletivo por professores e colaboradores de CI de todo o país e possui links sobre a história dessa prática de dança no Brasil e no mundo, além da agenda de encontros e festivais, notícias, vídeos, dicas de leitura, contatos de professores, entre outros tópicos. É importante destacar que para participar da Jam Session de dança deste domingo não é preciso ser bailarino, qualquer pessoa pode entrar na roda. O Contato Improvisação desenvolve um trabalho corporal, a partir do diálogo físico entre duas ou mais pessoas. Consiste num trabalho em dupla, ou em grupo, em que o peso e contrapeso são a chave para o movimento acontecer, de forma improvisada, mas consciente, na relação entre corpos. É uma prática que envolve dançarinos experientes e também abraça pessoas que não têm contato com a dança em um trabalho conjunto de descoberta de movimentos que se torna extremamente poético por estar focado na troca e escuta do próprio corpo e do corpo do outro. As atividades corporais na festa serão pré-orientadas pelos artistas do Lugar Comum.

O cenário onde acontecerá a festa também merece umas palavras a mais. Com 152 metros laterais e 52 metros de frente, o casarão que hoje abriga o Solar da Marquesa foi construído em 1899 e serviu de residência para a Marquesa de Monte Alegre.

Desde 2011 o Coletivo Lugar Comum promove JAMs Sessions de dança e música em Recife, sendo um dos responsáveis pela difusão atual da prática do Contato Improvisação na cidade. Neste ano de 2013, o Lugar Comum realizou, de 30 de setembro a 06 de outubro, o Contato Coletivo – I Encontro de Contato Improvisação de Pernambuco, com uma semana de oficinas, JAMs de dança com música ao vivo, performances e trocas de experiências sobre a prática do Contato Improvisação com pesquisadores do Chile e de vários lugares do Brasil, como Ricardo Neves (SP), Hugo Leonardo (BA) e o italiano Camillo Vacalebre, que vive entre Brasília e Buenos Aires. Pela primeira vez o Convento de São Francisco, no Carmo, em Olinda, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, abriu as portas para um evento de uma semana dedicado totalmente ao corpo e à arte da dança.

O termo Jam vem da expressão jazz after midnight, quando os músicos de jazz americanos passaram a se encontrar depois do trabalho para improvisar livremente. Depois o termo Jam Session passou a ser usado também para os encontros de prática livre de Contato Improvisação). As Jams de dança são abertas ao público em geral num espaço para o livre improviso a partir do contato corporal, promovendo trocas entre criadores e proporcionando igualmente novas vivências de movimento para quem não tem experiência em dança.

SOBRE O CI – Segundo a dançarina e facilitadora Ana Alonso, “o Contato Improvisação é uma prática corporal de improvisação com foco na relação. Inspira-se no encontro entre as pessoas para além das palavras, em que a lógica e o significado não estão predefinidos em termos de movimentos. O que vai defini-los são os corpos e o meio que compartilham. Jogos de equilíbrio, apoio, fluxo de movimento e colaboração para que o movimento entre os corpos aconteça são comuns. Cumplicidade, confiança e intuição são fatores importantes desenvolvidos nessa prática, porque há interesse de acessar “um outro eu mesmo”, “o outro” e “um outro acontecimento” e de nisso se revelar o inesperado, pois se busca experimentar na relação liberdade frente a certos predeterminismos sociais. A prática do Contato Improvisação promove, em geral, transformação do uso do corpo e do fluxo do movimento, e se dá em íntima interdependência dos corpos no diálogo. Com isso, cria comunicação com a oportunidade de, ao mesmo tempo, jogar com paradigmas socioculturais e também recriar o mundo, por meio do diálogo de interações a cada encontro”.

O site Contato Improvisação Brasil (http://contatoimprovisacao.wix.com/cibr) traz mais detalhes sobre a presença da prática no Brasil e no mundo, o calendário dos encontros e a história do CI.

O Contato Improvisação foi proposto primeiramente por Steve Paxton, dançarino e coreógrafo americano, em 1972. Ele estava interessado em descobrir como a improvisação em dança poderia facilitar a interação entre os corpos, suas reações físicas, e em como proporcionar a participação igualitária das pessoas em um grupo, sem empregar arbitrariamente hierarquias sociais. Paxton chamou a dança de contact improvisation porque descrevia exatamente o que eles estavam fazendo. Ele buscava explorar os aspectos físicos no trabalho como valor neutro: o que era possível fazer, e não o que pareceria esteticamente. De acordo com Paxton, “a estética ideal do Contato Improvisação é um corpo totalmente integrado”. Steve Paxton nasceu e foi criado no Arizona, e trouxe muitas linhas de treinamento do movimento em sua dança. Foi atleta, ginasta, artista marcial e um dançarino moderno. No início de 1960, Steve dançou na companhia de Merce Cunningham e participou das transformações da dança nos anos 60 no mundo.

No Brasil, a primeira aula de CI foi dada em 1988, no Rio de Janeiro, por Guto Macedo, no espaço do então grupo Coringa de Dança da iconoclasta coreógrafa uruguaia Graciela Figueroa. Macedo havia recém chegado de estudos em Nova Iorque, onde foi iniciado por Nina Martin, tornado-se um intenso contateiro. Participou do OPEN MOVEMENT, a lendária jam semanal do PS122. Porém, a divulgação e o desenvolvimento do CI no Brasil, ao longo dos anos 90, deve-se ao trabalho de Tica Lemos, que regressara de seus estudos na Holanda oferecendo uma abordagem do CI com matizes da Nova Dança européia.

MAIS SOBRE O COLETIVO LUGAR COMUM – Lugar comum, segundo o escritor Edouard Glissant, é quando um “pensamento do mundo” encontra outro “pensamento do mundo”, criando um espaço de reforço a uma compreensão que é assim ratificada. Para ele, é através da identificação dos novos “lugares comuns”, daqueles que emergem conectados a uma realidade multi-étnica, plurivocal, não etnocêntrica, que é possível construir novos parâmetros para a arte e para a vida na contemporaneidade.

Foi a possibilidade de promover um espaço para o encontro de pensamentos que estimulou o surgimento do Coletivo Lugar Comum, em 2007, na cidade do Recife. E hoje reúne artistas das áreas de performance, dança, música e literatura, além de pesquisadores e técnicos envolvidos com criação artística, com 14 integrantes: Conrado Falbo, Cyro Morais, Juliana Beltrão, Liana Gesteira, Luciana Raposo, Maria Agrelli, Maria Clara Camarotti, Paloma Granjeiro, Priscilla Figueiroa, Renata Muniz, Roberta Ramos, Silvia Góes, Virgínia Laraia e Lorena Cronemberger.

Desde o seu surgimento o Coletivo atua desenvolvendo diferentes ações artísticas. Em 2009, promoveu o projeto Conexões Criativas, um encontro que reuniu coletivos de outros estados do país em uma programação de mostra de espetáculos e debates durante uma semana. Em 2011, o Coletivo participou do Palco Giratório, com a circulação do espetáculo LEVE por 33 cidades do Brasil. Desde 2011 promove a apresentação dos solos Corpos Compartilhados, envolvendo trabalhos de cinco integrantes que se revezam nas apresentações, criando sempre a possibilidade de novos olhares. Em 2012 estreou o espetáculo SEGUNDA PELE e participou do projeto Modos de Existir, um encontro de coletivos do Brasil promovido pelo SESC de São Paulo.

Neste ano de 2013, além da circulação de trabalhos do seu repertório por várias cidades pernambucanas e da realização do Contato Coletivo – I Encontro de Contato Improvisação de Pernambuco, outra ação foi o desenvolvimento da pesquisa “A Voz do Movimento”, abordando a improvisação como ferramenta para aperfeiçoamento da expressividade do corpo-artista e propondo a integração entre movimento e produção vocal. O projeto “A Voz do Movimento”, incentivado pelo FUNCULTURA, também possibilitou a realização de duas oficinas como espaços para troca de saberes entre profissionais de várias linguagens, ambas gratuitas e abertas a participantes de outros grupos artísticos em atividade no estado de Pernambuco. Uma das oficinas aconteceu no início da pesquisa, com a musicista, pesquisadora e professora adjunta do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal da Paraíba, Adriana Fernandes. A outra oficina foi realizada no começo do mês de agosto e trouxe ao Recife o ator-pesquisador Carlos Simioni, um dos fundadores do LUME Teatro, um dos mais provocadores e respeitados grupos do Brasil no repertório de pesquisa e treinamento de atores. Mais informações pelo site www.coletivolugarcomum.com.

SERVIÇO
Lançamento do Site Contato Improvisação Brasil – exibição do documentário Sobre Improvisações em Contato e Jam Session com a participação de Caio Lima e Hugo Medeiros, da banda Rua
Data: 15/12 (domingo)
Local: Solar da Marquesa – Av. Dr. Joaquim Nabuco, n. 5, Varadouro/Olinda
Horário: 17 horas
Entrada gratuita
Informações: 81 3429 7625

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