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“Acredito que tenho a missão de colaborar para a difusão e o esclarecimento dos Calendários Maia/MesoAmericanos”

Flores no Ar – Quem é você,Thiago? O que faz? Em que acredita?…

Thiago – Eu sou um jovem admirador de culturas ancestrais, desenvolvo um trabalho pioneiro no Brasil e acredito que tenho a missão de colaborar para a difusão e o esclarecimento dos Calendários Maias/MesoAmericanos.

Flores no Ar – Como você começou a se interessar pelo estudo dos calendários mesoamericanos? O que te chamou atenção para esses calendários?

Thiago – No começo da década passada, tive a oportunidade de escolher o tema de um trabalho escolar. Escolhi astronomia, e um dos aspectos abordados seria a (arqueo) astronomia pré-colombiana. A partir daí, entrei em contato com a matemática maia e a contagem longa, o resto é história. Só o fato de ser uma lógica matemática de contagem de tempo ancestral e ao mesmo tempo aparentemente complexa e misteriosa já atraiu minha atenção.

Flores no Ar – Como funciona o Calendário Maia?

Thiago – Em poucas palavras, é um emaranhado de infinitos ciclos que correm paralelamente uns aos outros e se relacionam matematicamente.

Flores no Ar – O que é o projeto CMAIA?

Thiago – O Projeto CMAIA (Calendário MesoAmericano Independente e Aberto) foi criado em 2006 para difundir a informação a respeito dos calendários mesoamericanos, sendo politicamente independente e aberto às possibilidades e colaborações, bem como aos “detalhes” que até então eram ignorados/ocultados pelo calendário que dominava o mercado brasileiro usando de uma falsa propaganda que o coloca como maia.

Flores no Ar – Qual a importância de conhecermos e vivenciarmos o Calendário Maia?

Thiago – Depende dos interesses e do ponto de vista de cada um definir até mesmo se há uma importância. Se você é do tipo que se interessa por culturas antigas, astronomia, matemática, contagens de tempo, talvez isso possa ganhar alguma importância pra você. Se é do tipo que gosta de autoconhecimento, tem um prato cheio. Se é do tipo que gosta de oráculos, é preferível olhar também para a matemática. Se é do tipo impaciente, desista. Tudo que vá além da base do calendário pode ser subjetivo, especialmente a vivência, a maneira com que cada um se relaciona com o calendário e o que ele significa para a pessoa. Claro que eu gostaria de ver mais e mais pessoas seguindo o Calendário Maia e podendo descrever sua relação com ele, mas eu estaria me contradizendo se “pregasse” o uso do calendário como “ferramenta salvadora” ou coisa do tipo.

Flores no Ar – Quais as diferença entre o Calendário Maia Nativo e o Calendário da Paz?

Thiago – O Calendário da Paz prende os ciclos maias ao Calendário Gregoriano, “prega” o famoso ciclo de 2012 ao mesmo tempo em que desrespeita as bases do mesmo, mantendo apenas a equivalência da data gregoriana para o fim do ciclo. As razões para José Argüelles, criador do Calendário da Paz, ter feito isso são especuladas, pois oficialmente as razões tendem para o lado da fé, como normalmente ocorre quando o assunto é esse calendário. Como eu já possuía a base matemática da contagem longa, que é o calendário engendrado pela matemática e através do qual se determina o ciclo de 2012, pude atestar por mim mesmo que o Calendário da Paz desrespeitava essa mesma base, o que foi decisivo, além de ter tido também em especial o apoio do meu amigo Luis Gonçalves.

Flores no Ar – Além da mudança nos cálculos, há mudanças nas características dos glifos (selos) e números (tons)?

Thiago – Sim, especialmente nos momentos em que no Calendário da Paz os glifos são associados a planetas e os números ganham nomes. Quer dizer, o que o número 10 tem de planetário que os outros não? É subjetivo e não parece ter base nativa.

Flores no Ar – Como você vem divulgando as informações do Calendário Maia Nativo?

Thiago – Venho divulgando de várias formas, mas principalmente através da internet, no site CalendarioSagrado.ORG (www.calendariosagrado.org), e isso se expandirá para fora das fronteiras virtuais através de um livro que está “no forno”, apesar de já ter realizado mais de dez palestras (incluindo duas vezes na UFRRJ).

Flores no Ar – Como estudiosos e buscadores, na sua opinião, devemos levar em consideração o nosso selo do Calendário da Paz?

Thiago – Como estudioso, não sei, minha resposta é referente ao que eu entendo como “estudioso”. O Calendário da Paz tem tanto valor quanto qualquer outra ferramenta criada por movimentos místicos, esotéricos e da “Nova Era” (que, sem ofensas, são sabidamente fontes cujas teorias na maioria das vezes são embasadas mais pela fé do que por qualquer outra coisa), com o agravante de que dali emerge mais um novo “líder espiritual” com seus preceitos, dogmas e tudo mais. Isso, por si só, já deveria fazer aquele que é realmente um estudioso ter ainda mais cuidado, olhar crítico e cético. Uma vez que a base mais sólida do Calendário da Paz é a fé em José Argüelles, o estudioso talvez acabe buscando mais a motivação da mudança da ordem dos dias do que considerando a ordem do Calendário da Paz em si, coisa que poderia olhar mais por curiosidade do que outra coisa.

Já os buscadores, também sob o meu ponto de vista, são mais livres e experimentadores, menos céticos e críticos (ainda que possam ser também estudiosos), podem até considerar a ordem dos dias proposta pelo Calendário da Paz e segui-la, desde que estejam conscientes de que não se trata do Calendário Maia e que, mesmo que ele “sinta” que o Calendário da Paz “dá certo”, isso não quer dizer muita coisa e não justifica a desinformação. Como bem disse John Major Jenkins, que já desmistifica o Calendário da Paz há pelo menos duas décadas: “O Calendário Sagrado é um oráculo, e responderá como todo oráculo quando você coloca energia nele”. Podemos também traçar uma analogia com o tarot, sobre o qual eu nem conheço muito: existem várias formas de jogar e vários tipos de baralho. Você não pode colocar qualquer baralho, jogar de qualquer forma e dizer que é o “tarot de marselha”. Certo? Dizer que o Calendário da Paz é maia é o mesmo que dizer que hoje (dia 31 de Maio de 2010) é 30 de Janeiro de 2006 e continuar chamando essa nova versão de Calendário Gregoriano. Certamente ninguém me levaria a sério, até pelo fato de que eu não tenho nenhum argumento real pra modificar o Calendário Gregoriano. O mesmo acontece com o Calendário da Paz.

Flores no Ar – Você está finalizando um livro. Fala um pouco sobre o livro e nos diz quando será lançado. Já teremos ele aqui no Recife na sua vinda?

Thiago – O livro proporciona a abertura de um horizonte até então não explorado em língua portuguesa. Trata sobre a base matemática, os principais ciclos mesoamericanos, as marcas religiosas presentes nos ciclos, além de incentivar as pessoas a calcularem seus próprios ciclos e esclarecer sobre 2012 e outras questões, como o próprio Calendário da Paz. O livro não tem previsão para ser lançado, mas talvez seja publicado no segundo semestre de 2010. O ideal, claro, seria a publicação por uma editora que pudesse colocar o assunto mais em evidência, investindo numa abordagem que não é tão mística e subjetiva quanto a imagem criada a respeito. Até o momento, não há nenhuma conversa para a publicação e, portanto, tudo é uma incógnita a esse respeito. Quem sabe eu possa voltar a Recife para lançá-lo oficialmente? Por outro lado, se não posso levar o livro ainda, estou levando, para os interessados, CDs de (muitos) dados e também e de música maia (digno de colecionador).


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