Acesse gratuitamente o livro ‘Saberes Ancestrais e Cura Integrativa: Diálogos Decoloniais’
Está disponível para download gratuito o livro ‘Saberes Ancestrais e Cura Integrativa: Diálogos Decoloniais’, obra lançada no final de abril passado e que privilegia o protagonismo de vozes silenciadas ao longo da história.
A publicação, com 344 páginas, é resultado do curso de extensão universitária ‘Saberes Ancestrais e Práticas de Cura’, realizado em 2021 pelo Centro de Referência em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Cerpics) da Univasf, em parceria com a UPE e a UFCG. Os textos são relatos orais de lideranças indígenas de dez etnias (Krenak, Quéchua, Tukano, Mbya Guarani, Huni Kuin, Pataxó, Kapinawá, Truká, Potiguara e Pankararu), quatro lideranças negras vinculadas à tradição Iorubá nigeriana e mais duas lideranças do candomblé afro-brasileiro.
O lançamento do livro foi possível graças a parcerias com as universidades federais do Vale do São Francisco (Univasf), de Campina Grande (UFCG) e de Ouro Preto (UFOP), Universidade Estadual de Pernambuco (UPE), Fiocruz Pernambuco e Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS/Fiocruz).
Um dos coautores presentes ao lançamento, Bino Truká, destacou que o livro é de grande importância para seu povo porque traz a história dos seus antepassados. “A história dos nossos mais velhos, da minha bisavó, da minha mãe que era curandeira e nunca teve a oportunidade de mostrar seus trabalhos, mostrar a força que as plantas têm, a força que a fumaça do pacuí tem de curar”.
O mestre juremeiro, pai Alex Gomes, de Alagoas, ressaltou que ‘Saberes Ancestrais e Cura Integrativa’ vai na contramão de obras que falam de seus ancestrais, da sua cultura, dos saberes oriundos de países africanos, publicadas por pessoas brancas: “Foram escritos por brancos cheios de preconceito, racistas, de defesa da sua comunidade acadêmica branca europeia. Então foi mal escrito. Vocês estão fazendo diferente, trazendo para dentro do livro aquele que de fato vive e mantém viva uma cultura milenar, de saber ancestral, da cura através da natureza, da água, do barro, da casca, da folha, da semente.”
Para o professor da UFOP Ricardo Moebus, pesquisador das medicinas ancestrais indígenas e um dos organizadores da publicação, essa obra simboliza a demarcação de território dentro do campo dos saberes, mas sobretudo dentro das universidades. “O livro contribui para a construção de uma universidade pluriepistêmica, multiétnica, que supera essa limitação de enquadramento das disciplinas”.
Com ilustrações feitas por Ailton Krenak, liderança indígena, ambientalista, escritor e mais novo membro da Academia Brasileira de Letras, Saberes Ancestrais e Cura Integrativa: Diálogos Decoloniais pode ser acessado gratuitamente no site do ObservaPICS, através deste link: https://arcadados.fiocruz.br/dataset.xhtml?persistentId=doi:10.35078/GVR5AW