Fique por dentro das novidades do Flores no Ar!

Arquivos

Flores no Ar Logotipo do Portal Flores no Ar

  • Home  /
  • AGENDA   /
  • Samarone Lima lança livro de poesias, dia 17 de outubro, na Praça do Arsenal

Samarone Lima lança livro de poesias, dia 17 de outubro, na Praça do Arsenal

O escritor Samarone Lima lança no próximo dia 17 de outubro, no Espaço Cultural Mamulengo, na Praça Do Arsenal, Recife Antigo, a partir das 18h, o seu primeiro livro de poesias. A edição dupla assinada pela Paés, numa caixa com dois volumes, apresenta a obra Tempo de Vidro, um longo poema repleto de memórias e afetos e a coletânea de poesias A Praça Azul.

“Nasci o terceiro
na linhagem dos homens.

Os seios de minha mãe
estavam gastos de outras bocas
e de longe
mamei no tempo.

Nasci com o sangue de minha mãe
espargindo em meu corpo
a dor da vida

Minha avó foi a cativa
a me dar o pó da Via-Láctea
dissolvendo-o a colheradas
em copos de geleia…”

Assim começa o longo poema Tempo de Vidro, que dá título a um dos volumes que compõe junto com a coletânea A Praça Azul a caixa poética que o escritor Samarone Lima apresenta ao público no próximo dia 17 de outubro. Abrir essa “caixa” foi algo que Samarone desejou durante muito tempo, mas por humildade talvez, timidez quem sabe, ou exigência poética, esperou 43 anos para concretizar. E o feito pode ser creditado à generosidade de um desconhecido, hoje amigo e confidente, que um dia visitou o endereço eletrônico www.quemerospoemas.blogspot.com (onde sem alarde eram publicados os versos do poeta desde 2005). O nome dele é Arsênio Meira Júnior, um apaixonado estudioso, que dá a sua versão dessa história no posfácio de A Praça Azul.

“Li todos os poemas em seu blog. Reli, continuo lendo, e o impacto permanece incólume”, diz Arsênio no texto. Samarone conta que por ser muito criterioso com poesia ainda achava que ia demorar muito até publicar, até que Arsênio começou a frequentar o “quemeros”. “Era uma pessoa que eu não conhecia e começou a fazer comentários aprofundados sobre a minha escrita poética, ele entendia muito sobre o assunto. Comecei a falar com ele por email até que nos encontramos e ele sempre repetia que eu devia publicar o livro, que não dava para esconder os poemas. Foi aumentando a amizade e a confiança e propus que ele fizesse a seleção. Ele, muito generoso, leu todos os arquivos do blog e fez a “curadoria” para a publicação de A Praça Azul”, destaca Samarone Lima.

Com Tempo de Vidro a vontade de publicar tinha levado o autor a imprimir um pequeno volume simples, filho único, que carregava com ele para aprimoramentos. Esse também foi marcado por generosidades. “Viajei para um evento literário junto com Ronaldo Correia de Brito e entreguei o poema para que ele pudesse dar uma olhada no caminho. Ele me chamou junto, deu várias sugestões, discutiu a necessidade de cortes. Terminei indo várias vezes à sua casa e ele ia lendo o poema em voz alta, fazendo todas as observações. Foi assim que Tempo de Vidro foi lapidado”, relembra o autor.
O posfácio de Tempo de Vidro é assinado por Lourival Holanda: “Uma das satisfações de quem trabalha com literatura é ser surpreendido pelo timbre de uma voz singular, dessas em que a gente, rápido, reconhece a evidência da poesia… Quando o tropel das evocações passa, a inteligência do poeta as agencia, seleciona, num ritmo que adormece as memórias dele – e faz sonhar as nossas. É através da música que o poeta convoca o infante em cada um de nós, no assombro de reconhecer o estranho que a vida vai fazendo nascer em nós…”

A ideia do escritor era lançar Tempo de Vidro, somente ele, inicialmente. Veio o encontro com Arsênio e a vontade de entregar ao público também a poesia de A Praça Azul. Como seriam dois livros em um, em muitas conversas com a Paés para definir a edição, a decisão tomada foi de publicar dois livros separados unidos numa caixa poética.
Samarone começou a escrever poesias, segundo ele mesmo, entre os 12 e 13 anos. Tem “milhares” de cadernos repletos de versos e vários diários entremeados por poemas soltos. Conta que demorou muito para se dizer poeta, mas quando pergunto como ele gostaria de ser lembrado, nem titubeia: “como poeta”. Na contradição tão cantada por outros, na vastidão de conter multidões, como escreveu um dia Walt Whitman, quando pergunto se hoje ele se reconhece e se diz poeta, Samarone responde com um brilho de água nos olhos: “bem baixinho”.




Leave a comment