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Projeto cultural valoriza a arte e o ofício da criação de Adereços Carnavalescos

A arte e o ofício de criação e produção de adereços em três agremiações carnavalescas do Recife ganharam registros audiovisuais no projeto de pesquisa e intercâmbio cultural ‘Adereços Carnavalescos Mãos Brincantes’, que será lançado esta semana, nas sedes das agremiações contempladas: o ‘Bloco Carnavalesco Lírico O Bonde’, o ‘Urso Cangaçá de Água Fria’ e o ‘Maracatu Nação Almirante do Forte’. O projeto foi realizado pela Casa Astral, com recursos do SIC – Sistema de Incentivo à Cultura (SIC)/ Fundação de Cultura Cidade do Recife/ Secretaria de Cultura/ Prefeitura da Cidade do Recife.

“O projeto visa visibilizar e fortalecer o Artesanato Carnavalesco, uma vez que os adereços carnavalescos são uma expressão artística de forte valor simbólico para o desenvolvimento sociocultural e profissional da Cultura Popular, mas ainda pouco reconhecidos, mesmo mobilizando artistas e comunidades para um fazer manual, que desloca o olhar das pessoas de um cotidiano simples para a criação de realidades que inspiram alegria e potência”, destaca Guida Gomes, coordenadora do projeto e gestora da Casa Astral.

Ela conta que o projeto deseja ampliar e atualizar a compreensão sobre o significado e a representação dos adereços para os brincantes e para as manifestações da Cultura Popular, contribuindo com o aperfeiçoamento das práticas e seu compartilhamento com as novas gerações, por meio do intercâmbio de experiências, destacando a importância do artesanato carnavalesco para geração de renda e ativação da economia criativa. “Também intencionamos revelar as mestras e mestres envolvidos no ofício do artesanato carnavalesco e toda a riqueza visual elaborada, que traz brilho e beleza para a maior festa popular do Recife”, acrescenta Guida.

As agremiações foram escolhidas pela Casa Astral junto à curadoria do mestre Manoelzinho Salustiano, artista guardião dos saberes da cultura popular, uma das maiores expressões do artesanato carnavalesco do Brasil. Entre os critérios de escolha das agremiações contempladas foram considerados: tradição, inovação, diversidade, localização em áreas periféricas do Recife e participação ativa de mulheres.

“O projeto investigou o processo, as soluções criativas, o repasse de saberes e as pessoas envolvidas na produção dos adereços carnavalescos dessas agremiações, com o intuito fortalecer a cadeia produtiva da arte carnavalesca e da cultura popular, contribuindo para a permanência da atuação de profissionais neste ofício, através do reconhecimento, da difusão, da valorização e preservação da memória desses saberes e fazeres culturais”, explica Manoelzinho.

“Observamos as simbologias, singularidades, semelhanças, características estéticas, metodologias de criação, personagens e profissionais envolvidos, dando ênfase à participação das mulheres e das novas gerações”, conta Guida Gomes. Como afirma o Mestre Manoelzinho: “A Cultura Popular é um patrimônio de filhos e filhas, amigos e amigas, que se tornam uma família quando estão brincando”.

Através de visitas às agremiações foram realizadas entrevistas e registros audiovisuais, que culminaram na produção de três curtas de cerca de 5 minutos de duração cada (um sobre cada agremiação), que estarão disponíveis no canal do YouTube da Casa Astral, logo após os lançamentos. Também foram produzidos três teasers para divulgação do projeto. Todo o material audiovisual conta com legendagem para surdos e ensurdecidos.

Os lançamentos dos vídeos ocorrerão nas sedes das três agremiações, contando também com rodas de diálogos, para apresentação do resultado da pesquisa e aprofundamento do tema junto às pessoas envolvidas e convidados, contribuindo também com informações para outras pesquisas e formulação de políticas públicas.

Confira abaixo o cronograma dos eventos de lançamento:
– Dia 24/01, às 19h, na sede do ‘Bloco Carnavalesco Lírico O Bonde’ – Rua Carlos Rios, 293, Imbiribeira, Recife/PE
– Dia 25/01, às 19h, na sede do ‘Urso Cangaçá de Água Fria’ – Rua São Sebastião 392 Água Fria, Recife/ PE
– Dia 27/01, às 19h, na sede do ‘Maracatu Nação Almirante do Forte’ – Estrada do Bongi, 1319, Bongi, Recife/PE

MEMÓRIA ESCRITA – Na ocasião dos lançamentos, os presentes também receberão folders com informações importantes sobre cada agremiação. Os textos foram elaborados pela historiadora Gabriela Soares, integrante da equipe do projeto. “O principal meio de preservação da cultura popular é a oralidade, e todos os registros que capturem tais sabedorias são importantes registros históricos. Produzir uma escrita sobre esses dados é um meio também de incentivar futuras pesquisas que compreendam esses saberes e fazeres como ciência”, declara a historiadora.

AGREMIAÇÕES CONTEMPLADAS NO PROJETO (textos compilados da pesquisa realizada pela historiadora Gabriela Soares)

Bloco Carnavalesco Lírico ‘O Bonde’
‘O Bonde’ é um bloco carnavalesco lírico sediado no bairro da Imbiribeira, no Recife, e fundado em 27 de setembro de 1991 por Alcides Campelo Cavalcanti, mais conhecido por Cid Cavalcanti, e por amigos entusiastas do Carnaval. Na adolescência, como desfilante de destaque na Troça Carnavalesca Pitombeira dos Quatro Cantos, Cid passou a confeccionar as fantasias e adereços, sendo aprendiz do Mestre Carlos Ivan. A partir da relação com a confecção das fantasias e seu amor pelo Carnaval, junto com outros amigos entusiastas, Cid decidiu fundar ‘O Bonde’. A manifestação tem como cores principais o vermelho, o branco e o dourado, tendo como patrono o Orixá Xangô, e os Ibejis, devido à sua data de fundação. “A felicidade a força motriz da brincadeira”, afirma o brincante. A agremiação conta também com ‘O Bondinho’, que é a sua versão infantil. “As crianças são as responsáveis pelo futuro e é preciso tê-las na brincadeira desde novas como um meio de garantir a manutenção da manifestação”.

Urso Cangaçá de Água Fria


Fundado em 1981, o Urso Cangaçá de Água Fria carrega em seu nome o bairro onde está localizado, no Recife. É dirigido por Maria Cristina de Andrade, mais conhecida como Cristina Andrade (Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco) e por sua família, que juntos estão na frente de outras manifestações culturais, como a Ciranda Degonsa, o Pastoril Estrela Brilhante, e as Bandeiras de São João, fazendo parte de todos os ciclos festivos. A manifestação foi criada em São Lourenço da Mata/PE, ainda com o nome de ‘Urso Preto de Cangaçá’, por Humberto Severino Barbosa e Luiz Jacinto, e, em 1983, enfrentando uma pausa, o casal Johnson e Lêda do Caboclinho Oxóssi Pena Branca assumiram a liderança da agremiação, quando passou a ser chamado Urso Cangaçá de Água Fria. A atual dirigente, Cristina Andrade, conta que é a força dos amigos e da família que faz a manifestação acontecer, e destaca que hoje é seu filho Paulo Duarte que é o responsável por compor a música inédita que o Urso apresenta todos os anos, e sua filha, Kátia Cristina, é uma das encarregadas pela confecção das fantasias. Conceição Andrade, também filha de Cristina, participa do coral do Urso Cangaçá e da montagem das fantasias, e a neta de Cristina, Maria Clara, de 11 anos é dançarina na agremiação e colabora na confecção das fantasias.

Maracatu Nação Almirante do Forte

O Maracatu Nação Almirante do Forte, com sede no bairro do Bongi, no Recife, foi fundado em 7 de setembro de 1931, por Chico Grosso e Manoel Grosso, tios de Antônio José da Silva Neto, mais conhecido por Mestre Teté, atual presidente e Patrimônio Vivo registrado pelo Recife. Tendo iniciada sua história como Maracatu de Baque Solto, após alguns processos, a manifestação se tornou Maracatu de Baque Virado. A religiosidade é perpetuada na brincadeira até os dias atuais, tanto na corrente da Jurema (indígena), quanto Nagô (africana). O Maracatu Almirante do Forte tem como calungas: Menininha e Creuza, ligadas às orixás Oxum e Yemanjá, patronas da nação. A Dama de Paço – responsável por dançar com as calungas – é Marinalva Melo da Silva, que também cuida da parte da confecção das fantasias. Mestre Teté herdou do pai a agremiação, e também repassa os ensinamentos para o seu filho José Antônio da Silva, mais conhecido por Toinho, responsável pelo apito e vice-presidente da nação. Os ensaios da manifestação se iniciam no mês de setembro e são abertos ao público.

FICHA TÉCNICA DO PROJETO
Direção e Roteiro: Guida Gomes e Manoelzinho Salustiano
Fotografia e Som: Rafael Amorim e Kayo na Real
Montagem e Finalização: Rafael Amorim
Produção Executiva: Philipe de Castro
Produção e Pesquisa: Gabriela Soares (Gabi Salustiano)
Motorista: Eliezer Souza
Designer: Lua
Assessoria de Comunicação: Luciana Rabelo
Edição textual da pesquisa: Lia Menezes
Recursos de Acessibilidade: Liliana Tavares (Com Acessibilidade Comunicacional)
Apoio: Flores no Ar e Jacaré Vídeo

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