‘Introjetei-me’, por Marina Santos
O que há de liberdade dentro de ti?
Fora da tua prosa e do teu discurso?
Chamas por ela, grita-te o nome…
Mimando teu adolescente ambicioso e revoltado.
Cala a tua boca.
Te escuta em silêncio.
A ti e a todos os demônios
Que vendem, fervorosamente, seus discursos
No mercado público do teu ser.
O que há de liberdade em tua busca e desejo de aventura?
Procuras por ela em todos os cantos…
Cheio de sede, de bandeiras
Almejando a terra prometida,
sem saber que ela, a liberdade,
Não é vela à espera de vento.
Mas, antes, o motor propulsor e a âncora do teu barco.
Enquanto, insistires em olhar para fora,
tua liberdade será somente
uma sombra a correr na tua frente.
Persegues algo que te foge,
sem saber que és de ti mesmo
a presa e o embusteiro.
Fecha teus olhos.
Abre teus ouvidos.
Sente o vento.
Liberdade não é fuga, nem isenção ou teoria.
Não é contrária à servidão.
Não é negação, nem rebeldia.
Não é carta de alforria assassinando o coração.
Obsedias a liberdade a qualquer custo e sem beleza,
resumindo a experiência de voar à um pulo.
Contrariando a natureza,
Como serás borboleta
sem passar por um casulo?
Marina Santos / 04 de dezembro de 2012