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[INTEGRANDO SAÚDE] Amor como Caminho Direto – Parte 6: Amar a Deus através de um relacionamento erótico

Por Gabriela Sencades Migge* |

“Buda disse que, embora os prazeres dependentes de estímulos possam produzir um bem-estar relativo, eles não preenchem os requisitos para serem fonte de felicidade genuína.” (Alan Walace – Budismo Com Atitude )

Li uma frase interessante recentemente que foi mais ou menos assim: “Hoje se fala muito de amor, porém pouco se pratica.” Acho que foi um título de um artigo, que acabei nem lendo na hora e ele acabou se perdendo, mas o título me chamou a atenção, pois me levou à seguinte reflexão: “será que isso é um ‘privilégio’ do nosso mundo contemporâneo?”

Acho que não. A problemática tem um cunho mais profundo e acho que perpassa a história da humanidade. Talvez seja um problema de conceituação, pois há muita confusão entre amor e apego. E isso não é de hoje. Poemas, narrativas, filmes, músicas retratam um sofrimento muitas vezes dilacerante e que chamam de amor. Fico imaginando os “lacrimosos perenes” do séc. XIX naquela fase do romantismo que é de sofrimento, e morte e tudo atribuído ao amor.

Porém, é preciso perceber que essa palavra está fora de contexto. Talvez, mais adequado do que a expressão sofrer por amor, seja sofrer pela fixação ao objeto de apego. Mas é fato que esta segunda expressão não é nada poética! rs

Uma “super” armadilha do ego é usar a palavra amor para justificar nossas dores profundas, como carências, desilusão, obsessão e psicopatias. Já ouvimos muito a expressão “sofrendo por amor” ou “amar é sofrer”. Quantas músicas lindas já ouvimos que corroboram com isso? Inúmeras! São lindas sim, pois falam de nossas emoções, mas é preciso ter cuidado para não aprendermos, de uma forma inconsciente na maioria das vezes, de que “amar é sofrer” e que “só se vive quem já sofreu por amor.”

Isso por que sofrimento e amor são sentimentos incompatíveis. Quem sente amor não sofre, pelo contrário, se liberta, já quem sente apego…

Outro equívoco é falar que “amor é prisão.” Porém, o que nos aprisiona são as expectativas de viver de um jeito ideal com uma pessoa ideal, da qual nunca vai existir. Seria viver uma espécie de futuro que nunca chegará, pois só existe em nossa mente.

O amor, o Amor mesmo, com “A” maiúsculo, nos remete ao presente instantaneamente, deixamos de aspirar a um mundo ideal e lidamos com as situações de agora, pois quem sente amor quer viver no agora, quer pegar todo o seu amor e espalhar por aí, pois este é pura doação. Na verdade, ele é pura ação. Não importa se vamos receber algo em troca, tipo não importa muito se vamos receber esse amor de volta ou não, pois o que importa é saber que àqueles que amamos estão bem.

O amor é uma vibração extremamente alta, que não tem nada a ver com a quantidade de prazer que o outro nos proporciona. Porém, confundimos a expectativa de prazer e apego a essa sensação com amor. Quando isso acontece só “amaremos” a pessoa sob condições. Assim, enquanto essa pessoa atender nossas expectativas de prazer, vamos dizendo que amamos a essa pessoa.

Só que vem um problema: logo nos entediamos com aquele prazer e precisamos de outros estímulos a fim de ter sempre aquela sensação específica de prazer tão desejada. E aí vem a fixação ao prazer. Uma prisão certa, pois, vai-se levando a vida assim de prazer em prazer numa busca infinita.

“Não há nada de errado com a felicidade que vem do prazer dependente de estímulos, mas, da perspectiva budista, esses estados de felicidade são meramente uma atenuação fugaz do sofrimento.” (Alan Walace)

Nesse sentido vamos fazendo o que Alan Walace descreveu em seu livro ‘Budismo com Atitude’, como fazer das pessoas objetos. Ou seja, quando buscamos apenas prazer ao nos relacionarmos, deixamos de considerar aquele ser como tal e fazemos dele um objeto de nossa fixação. Dessa forma, amor e prazer são bem distintos.

Sentir prazer não tem nada de errado também, o problema se instala apenas quando se faz da vida uma eterna busca por prazeres, sejam eles nas relações amorosas, alimentação, família, trabalho etc. , pois vamos dando a tudo e a todos a condição de objetos, dos quais vamos desejar ou repudiar, a depender da quantidade de prazer que o “objeto” nos proporciona.

Do contrário, quando amamos vamos generosamente doando esse amor, cultivando em cada ser conexões positivas. Um termômetro bem interessante do amor entre casal é ver se eles vão crescendo juntos, pois o amor floresce e faz florescer. Assim, quando um cultiva o que há de melhor no outro o crescimento é certo.

Uma monja bem conhecida chamada Tenzin Palmo disse:
“… O apego diz: ‘eu te amo, por isso quero que você me faça feliz’. O amor genuíno diz: ‘eu te amo, por isso quero que você seja feliz, e se isso me incluir ótimo. Se não me incluir, eu só quero sua felicidade’.”

Nessa perspectiva, quando nós orientamos nossas relações em “eu vim para fazer você feliz”, tiramos o foco de nós mesmos, pois não estamos buscando que o outro atenda ao nosso ego, queremos apenas que o ser seja feliz, estando conosco ou não, porque o amor mesmo vai se alegrar com a alegria do outro, independentemente de nos agradar ou não, de ganhar algo em troca ou não, pois o fato de amarmos já nos põe em estado de completa bem aventurança, amar por si só já é o presente, já é nossa realização. Quem ama se sente em paz e pacifica tudo ao seu redor. Não é a toa que Buda uma vez falou: “não se acaba o ódio com o ódio. O ódio só acaba com o amor.”

Vale muito, nesse momento, fazer a Metabhavana (meditação do amor universal) dirigindo nossa intensão para nosso(a) companheiro(a). Já descrevi essa prática em um texto anterior dessa série, na parte 2 – Amando a Deus amando a si mesmo. O método é o mesmo, só que aqui nós vamos pacificar nossa relação com o outro.

A Metabhavana é um tipo de meditação discursiva em que vamos dando à mente conteúdo a fim de que esta se abra para a experiência que estamos cultivando no momento. No caso aqui seria a nossa relação com nosso (a) companheiro (a), transmutando apego em amor genuíno.

Então, nos sentamos ou deitamos em uma posição confortável, fazemos três respirações profundas a fim de conduzirmos nossa mente para o presente através da respiração e em seguida repetimos as oito frases, uma seguida da outra, sem pressa e visualizando cada frase, são elas:
1. Que … (nome do companheiro/a) seja feliz (e visualize este ser sendo feliz)
2. Que … supere o sofrimento (e visualize o ser superando o sofrimento e assim segue a cada frase)
3. Que … encontre as verdadeiras causas da felicidade
4. Que … supere as causas do sofrimento
5. Que … supere todo o carma (ou os obstáculos)
6. Que … manifeste lucidez instantânea e naturalmente
7. Que … desenvolva formas de beneficiar os seres verdadeiramente e
8. Que … encontre nisso a fonte de alegria e felicidade.

Essa meditação não tem contra-indicação, podem fazer e repetir até sentirem tomados pela alegria do amor, como um transbordamento.

Quando me casei com Erick, o Lama Samten abençoou nossa união e disse: “O amor nunca é demais. Sempre pode expandir.” Entendemos perfeitamente. E nossa intenção é sempre pôr em prática essa expansão. Gratidão Lama querido.

* Gabriela Sencades Migge é terapeuta holística, co-fundadora do Espaço Cuidar, mestra em reiki, frequenciadora de luz, aurículoterapeuta, terapeuta floral, terapeuta prânica, thetahealer, facilitadora em meditação. Realiza atendimentos presenciais no bairro das Graças, no Recife-PE, Brasil.

Marque sua consulta pelo número: (81) 9.9163-5351 (claro/whatsapp).
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