[CARCARÁ TAROT] Dos olhos brilhando do Valete ao olhar sereno do Rei
| Por Sabrina Carvalho* |
4 elementos da natureza, 4 cartas da corte, 4 naipes. Cada passo, do 1 ao 4, representa um avanço. Terra, Ar, Água e Fogo: Valete, Cavaleiro, Rainha e Rei: Ouros, Espadas, Copas e Paus. Esses elementos se relacionam diretamente entre si. Cada qual representa uma etapa de desenvolvimento de uma experiência em direção ao eu. Sendo assim, a pequena jornada das cartas da corte, após terem vivido as experiências numéricas de 1 a 10, é conhecer e desenvolver seu poder pessoal.
Aqui em nossa coluna, já falamos anteriormente das rainhas e dos cavaleiros. Agora encarnamos a incumbência de trazer o paradoxo juventude/maturidade através dos valetes e dos reis. São posturas opostas complementares que nos lembram de que todo dia é dia de assumir a postura de um valete, mas nem sempre conseguimos mostrar o domínio de um rei.
Primordial e básico, o valete é nossa capacidade de aprender e desenvolver habilidades relacionadas a seus naipes, cada qual com seu movimento, sua pegada, temperatura, textura…nosso aprendiz representa a experiência em si, o vivenciar, o desenvolver a partir dos contatos experimentais. O valete não sugere feminino nem masculino, mas a juventude inexperiente e curiosa, que busca e assimila a cada erro e acerto. As inseguranças são típicas desse arcano juvenil que não se impede por isso, pois no impulso e na disposição está para o que der e vier. Seja de cunho material e prático como no naipe de Ouros, seja de ordem mental/intelectual do naipe de Espadas, seja no campo da afetividade/espiritualidade/ das águas de Copas, ou através do nosso poder pessoal representado pelo naipe de Paus. A esperança e a vontade cheia de energia e vigor fazem do valete um renovador de esperanças, pois nele podemos reencontrar nossa criança interior e perceber nossas verdadeiras motivações.
Enquanto o valete é um buscador, o rei é buscado, porque ele já se encontrou e encontrou a essência do projeto. Sim, esse projeto chamado ‘Eu’! E enquanto essência, o Rei se respeita, se valoriza, se entende e se acolhe. Ele já conhece os caminhos da sua realização pessoal e carrega consigo o memorial de toda a jornada, reconhecendo em si as dores, os ardores, as glórias e os avanços de cada passo. Ao contrário do valete, que não tem representatividade de gênero, o Rei trás em si a essência masculina do fogo, e com ele todos os limites que nos difere do mundo, valorizando sua identidade única e inconfundível. Ou seja, o rei nos convida a valorizar nossa individualidade e nossas expertises, trazendo consistência para nosso espírito de liderança e nossa autonomia perante as situações. Aqui, complementando a juventude do valete, ressaltamos nosso ancião e o reconhecimento de toda uma jornada de experiência que através do aprendizado se voltou ao crescimento e desenvolvimento que se transmutam em sabedoria.
Enquanto elemento alquímico, o valete representa a terra e o rei o fogo, criando uma completude dos 4 elementos, abarcando em si também as experiências do ar e da água, formando um todo. As cartas da Corte trazem características humanas em meio a tantos arcanos mágicos, como o ‘A Temperança’ ou ‘O Sol’, fazendo uma distinção perfeita entre os arcanos maiores e menores. A Corte do Tarot ressalta a humanidade presente nos Arcanos Menores do tarot em direção à jornada cósmica trazida pelos Arcanos Maiores. E mais uma vez percebemos a recorrente relação binária entre os símbolos presentes na jornada completa, mostrando que, assim como na vida, é preciso exercer um diálogo constante para que essas polaridades se transformem em um todo.
* Sabrina Carvalho é taróloga, criadora da Carcará – Escola de Tarot, pesquisadora e escritora/colunista do Portal Flores no Ar. Realiza leituras com foco em autoconhecimento, autoempoderamento e transformação. Também ministra aulas de iniciação aos Arcanos Maiores e Menores.
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