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[CANTO DE LU] Meu presente de 50 anos

Foto: Lua – @luarluei

| Por Lu Rabelo* |

Neste ano em que completei 50 anos, me dei de presente a matrícula numa Formação Pedagógica em Letras-Português.

Dando uma resumida geral na minha biografia: aos 20 me formei em Jornalismo, aos 30 em Arteterapia, aos 40 me assumi como Artista, aos 50 tô sentindo o chamado pra atuar mais diretamente na Educação.

Não precisei largar o Jornalismo, nem as Terapias, nem a Arte nesse processo todo. Muito pelo contrário, nessa caminhada, tá tudo cada vez mais se integrando, e a Educação agora vem como resposta às minhas orações sobre o que mais devo fazer aqui na Terra.

Como numa grande espiral, recordo quando na adolescência meu primeiro trabalho autônomo foi como professora particular de Português. E quando na juventude, além de Jornalismo minha outra opção de graduação era Letras. Ou, num simbolismo ainda mais amplo, quando meu pai (José Alves) e meu padrinho (José Rabelo) eram professores de Português, reverenciados por onde passavam. Minhas referências pedagógicas também vêm de mainha, graduada em Pedagogia, exímia professora, supervisora e diretora de escolas públicas em Caruaru e Limoreiro.

Como quase todos nós, fui vítima do péssimo sistema educacional brasileiro. Apesar dos esforços de meus pais em me matricularem no que eles consideravam as melhores escolas, com exceção dos dois anos em que estudei na Escola Nova do Recife, todas as outras experiências foram castradoras.

A única aula que recordo nesta vida foi uma aula de Expressão Corporal, provavelmente quando eu estava no que se chamava de ‘Alfabetização’, classe que vinha antes da primeira série.  Em minha memória, recordo de estar deitada no chão da sala, enquanto ouvíamos a música ‘Foi Deus quem fez você’, na voz de Amelinha. Foi tão forte o que senti naquela vivência que até hoje ao lembrar deste momento me emociono.

Também não tive a sorte de ter bons professores. Me lembro com alegria de apenas três: “Tia” Vânia, da Escola Nova; Venusa, de Redação; e Rubem Franca, de História (que era tido como louco).

Quando minha filha Lua nasceu, a única certeza que eu tinha era que não colocaria ela no colégio onde cursei o segundo grau, uma instituição privada na zona sul do Recife, cheia de moralismos e preconceitos. Passamos por algumas escolas pequenas até chegarmos na Escola Parque, onde pude ficar mais sossegada. Lembro quando numa reunião com as famílias do Ensino Médio fui conversar com a querida e sábia Myrtha, diretora da Parque. Fui me queixar que Lua só queria saber de desenhar e isso tava me preocupando. Ela pegou na minha mão, olhou bem nos meus olhos e disse: “Deixa a menina desenhaaar!” Saí de lá aliviada. Lua conseguiu entrar numa universidade pública pela alta nota da redação.

Já com meu filho Ravi, pude adiar um pouco mais o tempo de colocá-lo numa escola. E, assim que pude, matriculei-o na Escola Parque. Com as novas escolhas que venho fazendo na vida, desde 2020 ele estuda na Escola Waldorf Rural Turmalina, onde estamos experimentando um outro jeito de educar, mais conectado com a Espiritualidade, a Natureza e a Arte.

Diante dos recentes episódios políticos no Brasil, desde o golpe de Dilma e, principalmente, no período em que aquele bandido desgovernou o Brasil, de 2018 a 2022, fiquei totalmente mexida. Então, a minha decisão em fazer uma nova graduação é motivada por duas questões:

  1. Atuar política-artística-pedagogicamente nas bases.
  2. Ter alguma estabilidade financeira, atuando numa área que me dá ânimo (painho, onde quer que ele esteja, deve estar dizendo: eu num disse a vida toda que era pra você fazer um concurso! Hahaha. Eita pai, quem diria que eu a essa altura taria atrás dessa estabilidade, e como educadora!)

* Lu Rabelo é cantadeira, arteterapeuta, herbalista, jornalista e guardiã do Portal Flores no Ar

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