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[CAIXA DE PANDORA] Eu nos outros, os outros em mim!

| Por Juliana Florencio* |

“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos.”
(Millôr Fernandes)

Admirar cegamente pessoas que não temos intimidade, reflete, na verdade, como nós não nos conhecemos.

Para entender isso, precisamos nos voltar para a esfera individual.

Tendemos a nos identificar com uma de nossas facetas e a rejeitar as outras. Alguns reconhecem apenas seu lado, digamos, “luminoso”, “positivo”, alienando-se de sua sombra.

Estes estão mais vulneráveis às “puxadas de tapete” que nossa parte rejeitada nos prega. E já dissemos e ouvimos: “não sei o que aconteceu comigo”, “não era eu”, “fui tomado”, “apenas reagi”, “a culpa foi do outro”.

Outras vezes, por não lidarmos com nosso aspecto sombrio, o projetamos.

Isso pode se manifestar através de sentimentos ruins por outras pessoas, mas, na verdade, este sujeito-alvo apenas demonstra conteúdos que não suportamos em nós mesmos.

“Algo que ocultávamos nos enfraquecia, até percebermos que esse algo era nós mesmos.” (Robert Frost)

Outra atitude que nos rouba de nós mesmos, ocorre quando não conseguimos experimentar certas potencialidades. Dessa forma, vivemos aquém do que poderíamos, pois muitos talentos e fortalezas estão imersos na sombra, portanto não os acessamos.

De acordo com a Psicologia Junguiana, na sombra estão não só os conteúdos que rejeitamos em nós mesmos, mas, também, o que não nos foi permitido desenvolver.

Então, nos pegamos admirando ou atraídos irresistivelmente por pessoas que demonstram certas qualidades e talentos que, na verdade, estão bem escondidos em nós.

Por mais estranho que pareça, também rechaçamos essas riquezas, pois não as reconhecemos como nossas.

Se considerarmos que somos profundos e complexos, e que frequentemente não estamos conscientes disso, podemos imaginar quanto nossos relacionamentos dizem a nosso próprio respeito.

Lidamos com os outros, e com o mundo, da forma como lidamos conosco.

Sendo assim, não poderemos melhorar nossos relacionamentos, e quem sabe nossa sociedade, se não olharmos primeiro pra dentro.

* Juliana Florencio é psicóloga, arteterapeuta e terapeuta do Jogo da Areia (em formação). Atualmente mora na região de Stuttgart, Alemanha, onde realiza seus atendimentos.
Email: juflorenciocs@gmail.com

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