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[AGENDA PE] Performance Erranças será apresentada dias 9 e 10 de julho com entrada gratuita

Foto: C
Foto: Caíque Eça/ Divulgação

“Leio meu diário de bordo, concluo que erranças traz minha cura. Já não sinto meu plexo doído e rijo. Minha garganta tornou-se morada de desejo, já consigo gritar, mesmo que a chegada do grito seja sempre um galope rasteiro e silêncioso, sem pistas de onde vem, sinto minha garganta sempre em latência”.
(Gabriela Santana – notas poéticas da pesquisa Erranças)

Provocar no espectador o sentimento de tensão de um corpo oprimido que resiste e cria maneiras de dialogar com sensações internas e estímulos provocados ou captados em tempo real. Esta é a proposta da performance Erranças, resultado de uma série de investigações técnico-poéticas em dança e capoeira desenvolvida pela dançarina e capoeirista paulista Gabriela Santana, desde 2009. Ela, que também é professora do curso de Dança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), se uniu ao músico baiano Jair Coelho que, em tempo real, opera uma paleta de sonoridades elaboradas para compor as paisagens sonoras dançadas pela criadora.

A performance, exibida anteriormente em ensaio aberto quando ainda estava em fase de criação, volta revisitada, com a ideia de se desfixar das formas coreográficas e trabalhar num viés mais improvisatório baseado nas imagens e nos signos que são provocados ou evocados pela dançarina durante o processo. Em sua terceira e última fase, Erranças contará com duas apresentações gratuitas que serão realizadas nos próximos dias 9 e 10, às 19h30, no espaço O Poste, no bairro do Recife. O local é limitado a 60 expectadores por sessão e os ingressos deverão ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência. A classificação etária é de 14 anos.

Erranças é o primeiro trabalho solo da criadora e denuncia o corpo na rua. É um misto de investigação de estados corporais gerados a partir de princípios resultantes de lembranças, afetos e singularidades gerados na relação da dançarina com o universo da capoeiragem. Todo o trabalho de corpo é orientado por princípios de movimento da capoeira Angola (uma prática cultural polissêmica, imbuída de aspectos históricos, estéticos e políticos), bem como por um “corpo simbólico e mítico”, construído por aspectos e códigos pertencentes a essa manifestação cultural e a expressões populares que fazem fronteira com a capoeira como o candomblé e o samba. O objetivo, no entanto, é desenvolver uma postura expressiva por meio de um corpo que, para improvisar, maneja sensações, percepções, imagens, impulsos, desejos e memórias.

O solo de dança se faz a partir de uma rede de simbolismos e metáforas tecidas através de uma narrativa digressiva de motivos biográficos. A busca se dá pela modulação de um estado criativo e engajado que entremeia, em tempo presente, devires e heranças culturais. “… um corpo que erraticamente experimenta e vive o entre-lugar entre Salvador e Recife… duas cidades que, afetivamente, dão contorno a um mosaico identitário”. Como diz Santana, Erranças está relacionada com as incertezas. “É pôr em movência a idéia de um corpo errático que devaneia no tempo presente, negando a objetividade da vida cotidiana e, neste caso, buscando referências de outras temporalidades”, enumera.

Na performance, que tem cerca de 30 minutos de duração, a movimentação e a dramaturgia da dançarina é inspirada ora por arquétipos, ora por tensões corporais advindas do sentimento de devoção e força, expressos por impulsos ora implodidos ora explodidos. “A idéia é trabalhar elementos do jogo e a organização do corpo na capoeira num viés improvisativo”, revela Santana, ressaltando que, é este mesmo improviso que organiza a ordem das cenas por meio do diálogo com estímulos e ambiências sonoras propostas durante a apresentação pelo músico Jair Coelho.

Um dos desdobramentos dessa nova etapa diz respeito ao trabalho que a dançarina faz durante uma cena quando fala ao microfone. Houve uma modificação e a fala ganhou um tom mais narrativo, também improvisado para a construção da “persona”. O figurino é outro elemento que foi totalmente repaginado reforçando o viés a que se destina de retratar o universo da mulher guerreira com inspiração em outra temporalidade. Até a roupa do músico que antes não estava na composição foi criada pensando num tempo remoto. “São temporalidades entrepostas onde existe um homem atual, porém prezando um pouco pela rusticidade. O figurino dele serve para destacar a figura do músico na própria construção da cena”, destaca Santana.

Pesquisa – Erranças é o desdobramento de uma pesquisa em dança contemplada pelo Fundo de Apoio à Cultura – Funcultura em 2014 e se alimenta de diálogos do projeto Capoeira no CAC (Centro de Artes e Cultura da UFPE) formado por representantes desta expressão cultural. No último mês de fevereiro, a pesquisa cumpriu a meta de um seminário envolvendo parte da equipe – dançarina, músico e a assistente artística Bárbara Santos, que é artista-pesquisadora e professora do Curso de Dança da UFPB – além das pesquisadoras e também artistas Valéria Vicente e Maria Acserald, que desenvolvem trabalhos na fronteira entre o popular e a cena contemporânea.

Nessa fase final, o projeto também irá contemplar a edição de um videoregistro com cerca de 25 minutos de duração, dirigido pelo músico performer, Tonlin Cheng. O material revela o desejo da artista-pesquisadora, Gabriela Santana, em compartilhar questões que alimentaram todo o processo e dar visibilidade às investigações e reflexões individuais geradas no decorrer desse ano. A proposta não foi fazer um vídeo pensado para documentar algo que já tomou forma, mas trazer como conceito a ideia de registrar o devir de investigações que primam potência das incertezas e das errâncias do movimento. O material agrega takes realizados na rua e na sala de ensaio, apresentando as nuances de uma corporalidade que se constroem entre o “dentro e o fora”. São movências de idéias que estão no interior de uma pesquisa em dança e que geralmente tornam-se periféricas no ato de criar.

Compartilhamentos – O processo de Erranças foi compartilhado de diferentes formas em eventos como o II Trocadilho: encontro prático e teórico sobre pesquisas em danças populares, em 2014; durante a oficina Corpomapa no projeto Improvisatório realizado também em 2014 nos estados de Pernambuco e Paraíba; na Mostra de processos: improvisatório PE-PB, em João Pessoa (espaço Cosmopopeia) (dezembro-14); exercício de um fragmento da performance dentro da oficina A incerteza como condição de existência de Elke Siedler, no projeto Improvisatório PE-PB, no ano passado; mostra de processo no Cosmopopéia dentro do projeto Aiê, em João Pessoa; mostra de processo: Improvisatório PE-PB, no espaço Café Castro Alves; durante interlocução com Soraya Jorge, em dezembro passado; e por fim em ensaio aberto realizado no Casbah, em Olinda.

FICHA TÉCNICA
Pesquisadora e dançarina: Gabriela Santana
Pesquisadoras colaboradoras: Maria Ascerald e Ana Valéria Vicente
Trilha e ambiência sonora: Jair Coelho
Assistência artística: Bárbara C. Santos
Arte gráfica: Iara Sales Agra
Figurinista: Gabriela Holanda
Confecção do figurino: Verena e Patrícia Duarte
Produção: Vi Laraia (etapa 1) e Marcella Malheiros (etapa 2)
Vídeo-artista: Tonlin Cheng
Concretizador de idéias (escritos, escritas e suportes da instalação): Tiago Acioli
Fotógrafo: Caique Eça (etapa 1) e Débora Bittencourt (etapa 2)

PRODUÇÕES ARTÍSTICAS:
“Erranças”, 2014/ “Feito de nós mesmos”, 2013/ Performance (di)grafias, duo, 2012/ “Experimentos em Cena I,II IIl e lV”/ Videodança Dança em quadrinhos, criação coreográfica, 2011/ Coletivo Polissemia/ Videodança P.A.S.S.A.G.E.N.S, 2010/ Videodança Compra-$e Dança, 2008 – colaboradora/ Alôs, 2006/ Danças Brasileiras (Grupo Quadros), 2006/ Chiado, 2005/ “Todo Pitágoras canta e dança Vinícius de Moraes”, 2005/ Contato, 2004/ Baseado em Quê?, 2003/ Amélias, Camélias e Joanas, 2002/ Cia de Dança Flamenca Bailarte, 2000/ Orientação e Supervisão do Espetáculo Inbox. 2008.

Gabriela Santana – Artista, dançarina, capoeirista, pesquisadora e educadora em dança. Atuou como professora substituta da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia – UFBA; do curso técnico profissionalizante da FUNCEB, na Bahia, e, atualmente é professora do curso de licenciatura em Dança da Universidade Federal de Pernambuco UFPE. Cria, participa e orienta trabalhos artísticos e acadêmicos em dança, além de promover oficinas e cursos focados nas relações entre dança, capoeira e improvisação, bem como debates e palestras em eventos teórico-práticos da área da dança. Atualmente também coordena os projetos de extensão: Capoeira no CAC, Improvisatório PE: estudos interdisciplinares para a improvisação em dança; e TAMBACAC: projeto interdisciplinar em música e Dança. Suas últimas produções artísticas enquanto criadora-intérprete foram (di)grafias (2012), duo performativo com César Gabriel Berton, ”Feito de nós mesmos” (2012) e “Erranças: estudos técnico-poéticos em dança e capoeira (2014), ambos com incentivo do Funcultura. Como artista convidada participa do elenco de MOTIM, performance produzida pelo Coletivo Lugar Comum e dirigida por Roberta Ramos Marques, que segue temporada esse mês, com incentivo do Funcultura. Tendo atuado ainda com assistência artística entre 2014 e 2015, no projeto “PEBA” de Iara Sales e no solo “dez de quarenta” de Bárbara Santos.

SERVIÇO
Mostra Final Perfomance Erranças
Quando: Sábado e domingo (9 e 10 de julho)
Horário: 19h30
Onde: Espaço O Poste (rua da Aurora 529 – bairro da Boa Vista)

Apresentações gratuitas!
Classificação etária: 14 anos
Informações: (81) 99815.0285

OBS: os ingressos deverão ser retirados com uma hora de antecedência na bilheteria.

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