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[AGENDA PE] Espetáculos teatrais são atos de contragolpe neste Brasil golpeado. Confira a programação!

Espetáculo ‘Martelada’. Foto: Ricardo Lima

| Por Claudio Ferrário |

Se a toda ação corresponde uma reação, a todo golpe há de haver um contragolpe. É fato que hoje, no Brasil, estamos mergulhados num perigoso estado de exceção, que nos faz perder os poucos direitos duramente conquistados. Amparado por uma mídia reacionária e uníssona, um judiciário ajoelhado sobre a sua parcialidade seletiva e uma polícia que primeiro atira, depois dá uma geral nos nossos bolsos, este estado de exceção constrói a sua teia. Esta, como se sabe, tem por objetivo central espalhar a fome e a miséria para uma imensa maioria e reter as riqueza e as regalias para uma diminuta minoria.

Diante deste quadro nada animador, qual deve ser a postura das pessoas que trabalham com cultura, com arte? Devemos nos aquietar e esperar passivamente que um dia tudo passe? Ou atuar para que as nossas vozes sejam ouvidas e, assim, possam engrossar o coro dos milhões de excluídos e excluídas? Nós, da Parêa Teatro e da Janela Projetos, acreditamos na segunda opção. Para tal, estamos propondo, sem qualquer lei de incentivo, uma ocupação do Teatro Arraial com dois espetáculos: “A Invenção da Palavra” e “Martelada”. A este encontro demos o nome de CONTRAGOLPE, porque não aceitamos que este estado de exceção, tal e qual um rolo compressor, continue a nos esmagar. Quatro noites regadas a teatro, onde queremos juntar pessoas, discutir e disseminar ideias, porque acreditamos que só assim, as ações e os contragolpes se multiplicam.

PROGRAMAÇÃO

TEATRO ARRAIAL – sextas e sábados, às 20h:
DIA 02/03 – “A INVENÇÃO DA PALAVRA”- espetáculo dedicado à luta dos trabalhadores e trabalhadoras sem terra e sem teto.
DIA 03/03 – “A INVENÇÃO DA PALAVRA” – espetáculo dedicado à luta das mulheres.
DIA 09/03 – “MARTELADA” – espetáculo dedicado à luta das nações indígenas e das comunidades quilombolas.
DIA 10/03 – “MARTELADA” – espetáculo dedicado à luta dos trabalhadores e trabalhadoras da cultura popular.

A INVENÇÃO DA PALAVRA

A Invenção da palavra. Foto: Fred Jordão

“A Invenção da Palavra” faz uma viagem poética e lúdica pela humanidade. Dois velhos, brincantes, palhaços, loucos, mendigos a se divertirem com uma peleja entre Deus e o Capeta para se saber, de fato, quem inventou a palavra. Os dois suspensos no ar. Os dois a fugirem do cotidiano dos gestos. Os dois a disputarem as palavras. Um mundo único e específico, que no tempo e no espaço do Teatro é capaz de transportar o espectador a um mundo paralelo de dois seres em combate. Um espetáculo minimalista, que faz da atuação dos atores, suas palavras e seus gestos, força propulsora da construção dramática.

“A Invenção da Palavra” é um texto do ator Cláudio Ferrario. A encenação é de Moncho Rodrigues e no elenco, além do próprio autor, a atriz Olga Ferrario. Fruto de um intercâmbio artístico entre Brasil e Portugal, o espetáculo foi montado numa imersão na cidade de Fafe, onde funciona o projeto chamado Fafe Cidade das Artes, também dirigido pelo encenador Moncho. Trilha Sonora de Rafael Agra e Narciso Fernandes.

SERVIÇO
LOCAL: TEATRO ARRAIAL
DIAS: 02 e 03 DE MARÇO, 20h
INGRESSOS: R$ 30 REAIS (INTEIRA) E R$ 15 (MEIA)

MARTELADA

Martelada. Foto: Ricardo Lima

Claudio Ferrário faz ode à sabedoria popular no monólogo “Martelada”. Com direção de Dea Ferraz, que estreia no teatro, peça mergulha no repertório de histórias e conflitos de um velho Mateus de cavalo-marinho afastado da brincadeira.

Com a rara experiência de mais de 40 anos dedicados ao ofício de atuar, o ator pernambucano Cláudio Ferrario apresenta o monólogo “Martelada”. A narrativa foi construída após andanças por quatro cidades da Zona da Mata Norte de Pernambuco, e faz uma viagem abstrata inspirada nas três vezes em que Martelo, figura do tradicional cavalo-marinho, afirma ter ido ao inferno. É, de certa forma, uma ode às pessoas que guardam na memória as histórias do passado e na oratória a capacidade de passá-las adiante.  Após “A invenção da palavra”, a peça que constrói um universo lúdico que dialoga com os valores da sabedoria popular é a segunda em que Ferrario dá vida a seu próprio texto.

O personagem é um velho guardador de mistérios, contador de histórias, filósofo da existência, que recebe em sua casa visitantes interessados em ouvir seus “causos”. Dentro do velho vive o Mateus, o palhaço, o jovem arlequim que já foi um dia. “Exigindo da plateia o esforço da imaginação, Martelada é o encontro entre fantasia e realidade, loucura e sanidade, velhice e jovialidade. Entre passado e presente, esse velho e esse jovem se encontram na mesma figura, porque o que vivemos permanece em nós e a energia que nos conduziu um dia é capaz de nos revisitar a qualquer momento”, explica a cineasta Dea Ferraz, que faz sua estreia na direção teatral e que vê a montagem como uma de suas maiores provocações profissionais. “Foi certamente um dos desafios mais profundos que já mergulhei. Não só por ser minha primeira incursão no teatro, assinando uma direção, mas, sobretudo e principalmente, pela possibilidade de entrar no mundo alegórico e místico de figuras como Martelo e tantos outros e outras que carregam na existência o peso dos mistérios e sabedorias insondáveis da vida”, ressalta Dea.

A peça, produzida sem o apoio de leis de incentivo à Cultura, é na concepção da produção um retorno à forma de como se fazia teatro antigamente. Para Ferrario, reflete, sobretudo, o momento do país, em que a  continuidade das leis de incentivo à Cultura e das políticas públicas conquistadas ao longo das últimas décadas, tornam-se  cada vez mais incertas. “Em tempos de repressão, cabe à arte colocar-se como instrumento de resistência. Fazer teatro no Brasil sempre foi um ato de resistência e agora mais do que nunca. Sem nenhum incentivo ou apoio, Martelada nasce, portanto, antes de tudo do desejo de resistir”, conclui Ferrario.

SERVIÇO
LOCAL: TEATRO ARRAIAL
DIAS: 09 e 10 DE MARÇO, ÀS 20h
INGRESSOS: R$ 15 (MEIA) E R$ 30 (INTEIRA).

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