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Manhã de Chuva

Por João Batista de Siqueira (Cancão)

As andorinhas no rio
Passam baixinho voando
Como crianças brincando
Num lago vasto e sombrio
O mangueiral do baixio
Sente a chuva, estende a rama
No chão, a verdosa grama
Se serve do mesmo orvalho
Que o vento, agitando o galho
A folha treme e derrama

Do sopé da cordilheira
As pequeninas correntes
Se despenham diligentes
Em busca da cachoeira
O xexéu, na aroeira
Olha toda a redondeza
Diante tanta beleza
Se sente todo encantado
Pensa ser o namorado
Mais fiel da Natureza

Dentro do bosque cerrado
A vegetação cochila
Levanta a fronde tranqüila
Sentindo o tronco lavado
Dentro do emaranhado
Que à tarde a sombra rodeia
A ema, lenta, passeia
Em um constante arrepio
Já enfadada do frio
Que a mão da brisa semeia

Passa perto da palhoça
Um boi em lentas passadas
Fazendo as suas pisadas
No balanço da carroça
Vai a tabaroa à roça
Em um ar aborrecido
No caminho mais seguido
Buscar água no regato
Se defendendo do mato
Pra não molhar seu vestido

Caminha o rebanho lento
Do arvoredo vizinho
À procura do caminho
Do planalto lamacento
No campestre friorento
A planta alegre se agita
A flor sorri e palpita
Sentindo os ventos medonhos
Lá dos recantos tristonhos
Que o gênio da sombra habita

O vento passa maneiro
Pelo campo rosciado
Fingindo um céu esmaltado
Coberto de nevoeiro
Na baixada, o ingazeiro
Sente vigor, se renova
Como nos dando uma prova
Se mostra todo florido
Entre o multicolorido
Dum mundo de rama nova.

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