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[ISADORA ZAMARQUE] Sobre o silêncio (ou o esvaziamento)

| Por Isadora Zamarque  |

Música sempre foi uma excelente companhia e companheira dos meus trilhos. Tenho apreço por muitas cadências, as que têm letras poéticas (e até literárias, por que não?), talvez todas (ou quase todas) intencionam a poesia, mesmo tendo uma estética questionável e isso independe da preferência. Costumo ir do luxo ao lixo, do erudito ao popular, das letradas às instrumentais. Todas essas sonoridades têm papel fundamental no caminho que faço, todas elas fundamentam algo sobre mim mesma.

Mas, de uns tempos pra cá tenho alimentado silêncios e esvaziamentos. Costumava ligar uma música logo quando acordava, entretanto percebi que precisava insistir em escutar os sons que já estavam ao meu redor, aqueles que vêm naturalmente ou não. O cachorro que late incessantemente, as pessoas passando de bicicleta, a conversa da vizinha. Depois, a chaleira apitando para coar o café, a máquina de lavar roupas que, particularmente falando, tem notas musicais elevadíssimas e eu sempre idealizei canções que pudessem agregar esse som tão tecnológico e avançado (talvez Tom Zé tenha chegado bem próximo dessas minhas idealizações com o seu talento experimental. Ave Tom!)

Retomo o silêncio e tomo uma caneca de café bem quente.

Desperto.

E sinto o silêncio de fora e de dentro. O silêncio de fora é sempre passageiro. O silêncio de dentro busca sempre, navega, porque é tão líquido e litorâneo, ora maré alta, ora maré cheia.

O silêncio eu alimento com água e tempestade. Os sons, tenho esperado.

 

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