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Conheça o Pernambuco Agroecológico!

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O Flores no Ar conversou com Mariana Maia, coordenadora do Pernambuco Agroecológico, para conhecer melhor o programa e contribuir com a divulgação da agricultura familiar ecológica. Confira abaixo a entrevista!

O que é o PE Agroecológico?
O Pernambuco Agroecológico é uma parceria público-privada entre a cooperação internacional, Governo do Estado – através da Secretaria de Agricultura -, organizações não-governamentais e associações de agricultores(as), com o objetivo de consolidar a agricultura familiar agroecológica como modelo de produção, geração de renda e consumo para famílias de agricultores/as e consumidores no Estado de Pernambuco. O projeto, de proponência do Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (ProRural), conta com financiamento da União Européia e tem como ONG executora o Instituto de Cooperação Econômica Internacional – ICEI Brasil, em parceria com a Associação dos Profissionais da Agricultura Orgânica – APOrg.

Quais municípios vêm sendo contemplados, e de que forma?
Os municípios atualmente contemplados são Feira Nova, Glória do Goitá, Goiana e Gravatá. O projeto possui 3 eixos principais de ação: 1) fortalecimento associativo; 2) assistência técnica permanente às famílias agricultoras; 3) apoio à comercialização, o que inclui abertura de novos espaços de comercialização, fortalecimento dos existentes e acesso às políticas públicas de aquisição de alimentos – Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Que avanços ocorreram na Agricultura Familiar Agroecológica em Pernambuco desde o início do projeto?
De modo geral, podemos dizer que a agricultura familiar agroecológica tem avançado no estado, assim como tem aumentado a busca por alimentos mais saudáveis e livres de agrotóxicos; acredito que produção e demanda caminham lado a lado nesse processo de crescimento, e não só em Pernambuco. Mais concretamente, posso citar alguns resultados já alcançados pelo projeto Pernambuco Agroecológico, por exemplo o aumento no número de famílias agricultoras produzindo de maneira agroecológica – em apenas uma das comunidades em que atuamos, a comunidade de Palmeira no município de Glória do Goitá, o número de agricultores agroecológicos passou de 1 no início de nosso trabalho lá para 48 atualmente; o número de feiras agroecológicas em que as famílias que acompanhamos comercializam também aumentou de 3 para 15 atualmente, sendo que alguns destes espaços de comercialização foram abertos e desenvolvidos pela equipe do projeto, muitas vezes a partir de solicitação dos próprios consumidores, por exemplo a feira da Secretaria Estadual de Educação e a feira do Shopping Recife.

Como vem acontecendo o crescimento da Agricultura Familiar e das feiras orgânicas em Pernambuco? 
As feiras agroecológicas, muitas vezes, surgem, como citado anteriormente, a partir de demanda dos próprios consumidores que muitas vezes chegaram a procurar as instituições envolvidas no projeto para que fosse firmada uma parceria e a feira aconteça, garantindo assim que os (as) agricultores (as) dos quais irão adquirir seus alimentos recebem assistência técnica em seus processo de produção. Nos últimos meses a Prefeitura do Recife convocou encontros com as associações de agricultores(as) e instituições do setor para que seja realizado um cadastro dos(as) feirantes e, futuramente, ocorreriam algumas açoes de estruturação e apoio às feiras, mas nada de concreto ainda. Apesar do grande número de feiras agroecológicas na RMR e mesmo no estado, sabemos que há pouca articulação entre elas e pouco envolvimento do poder público em sua estruturação – quesitos como segurança, iluminação e limpeza, por exemplo, poderiam ser apoiados pelas prefeituras locais na realização destas feiras.

Como evento de encerramento do projeto, em parceria com outras instituições do setor da agroecologia, pretendemos realizar em junho deste ano o II Encontro Estadual das Feiras Agroecológicas de Pernambuco, com o objetivo de articular em rede todas as feiras e espaços de comercialização agroecológicos do Estado de Pernambuco, suas associações de agricultores(as) e instituições de apoio relacionadas; promover o compartilhamento, entre famílias agricultoras e instituições de apoio, de boas práticas referentes à comercialização em feiras/espaços agroecológicos e à estruturação dos mesmos; aproximar e conscientizar consumidores e poder público a respeito de seus respectivos papeis e importância nos processos de organização e fortalecimento das feiras/espaços agroecológicos.

Já existem feiras agroecológicas em todo o Estado, ou a presença dessas feiras ainda está restrita ao Recife e Região Metropolitana? 
É verdade que a grande maioria das feiras agroecológicas encontra-se na Região Metropolitana de Recife, o último levantamento apontou algo em torno de 24 feiras; mas estima-se um total aproximado de 70 feiras/barracas comercializando alimentos do tipo em todo o estado, principalmente em regiões onde o apoio de instituições que trabalham com a agricultura familiar agroecológica se faz mais presente

Quais as vantagens do consumo de alimentos orgânicos para saúde ambiental e das pessoas? 
Na produção orgânica são respeitadas a sustentabilidade econômica, a ecológica e a social. Na prática, isso significa produzir levando em conta o consumo justo e solidário, a relação entre as pessoas e com o meio ambiente. Na produção orgânica, o agricultor utiliza práticas que conservam e preservam o solo, a água e a biodiversidade local. Além disso, não se usa material químico sintético como agrotóxicos e adubos. Relações justas de trabalho também são priorizadas. Em suma, é bom para quem produz, para quem consome e pro planeta como um todo.

Como se dá a certificação dos alimentos como orgânicos no caso dos pequenos produtores?
A Lei de Orgânicos (LEI No 10.831, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003.) prevê 3 níveis de certificação: 1. Certificação por auditoria, muito custosa para agricultores (as) familiares; 2. através de Sistemas Participativos de Garantia, baseada no controle social e responsabilidade solidária, direcionada para redes de associações; e 3. o Controle Social para Venda Direta, que é o nível que mais se adéqua à realidade dos pequenos produtores que comercializam em feiras. Neste terceiro nível, os(as) agricultores(as) devem estar vinculados à uma associação, denominada pelo Ministério da Agricultura de OCS – Organismo de Controle Social. O processo de certificação ficou menos complicado e mais barato para agricultores familiares que, por produzirem menor volume de produtos, optam por vender diretamente aos consumidores. Assim fica mais fácil criar uma relação direta entre produtor e consumidor, onde a confiança é o “selo”.

Qual a importância de comprar os alimentos orgânicos diretamente dos produtores nas feiras agroecológicas?
Quando consumimos alimentos que são produzidos próximo de onde vivemos, com base no cuidado com o meio ambiente, nas relações éticas de trabalho e na justiça social, estamos promovendo o desenvolvimento sustentável da nossa região e a autonomia dessas famílias agricultoras já que elas se empoderam de todo o processo, desde a produção até a comercialização, libertando-se da dependência de atravessadores para escoarem sua produção. Além disso, o ambiente das feiras agroecológicas é um ambiente agradável, de convívio e troca de experiências, a ida à feira representa muito mais do que a simples aquisição de produtos alimentícios, podemos considerá-la como um ato político e mesmo revolucionário, de transformação social, ambiental e nas relações humanas. Estabelecemos ainda uma conexão diferente, mais próxima com o alimento que nos dá vida e energia, você sabe de onde esse alimento veio e quem o cultivou, é mesmo uma mudança de paradigma na maneira como nos relacionamos com a comida e nos cuidamos.

Agora o PE Agroecológico entra numa outra fase do projeto, onde visa atingir diretamente os consumidores. Que estratégias o PE Agroecológico vem desenvolvendo para atrair o público de consumidores e promover mudanças de hábitos na população, como, por exemplo, estimular o consumo de orgânicos diretamente com os produtores?
O projeto encontra-se em sua fase final e uma das ações de destaque nesse momento é a implementação de uma campanha de sensibilização de consumidores a respeito da agricultura familiar agroecológica e temas transversais, como consumo responsável, economia solidária, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental. A campanha prevê a veiculação de uma vinheta de rádio e 3 vinhetas de TV; a realização de eventos em algumas feiras agroecológicas da RMR, com exposição de práticas sustentáveis e distribuição de material informativo; o lançamento do site e uma guia informativa impressa.

Recentemente vocês lançaram o site do PE Agroecológico. Que serviços o site oferece?
No site, direcionado para consumidores, é possível encontrar a lista das feiras e espaços agroecológicos onde as famílias agriculturas apoiadas pelo projeto comercializam; o perfil de cada agricultor(a) com os alimentos que produz; informações sobre as comunidades e associações às quais as famílias agricultoras pertencem; opções de roteiros turísticos nas comunidades agricultoras; informações e notícias sobre agroecologia.

http://www.peagroecologico.org/

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