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[ARTIGO] Ansiedade nos Relacionamentos: como lidar?

Por Júlio Lins *|

A ansiedade atrapalha os relacionamentos de várias maneiras diferentes. Provoca vários tipos de comportamentos que afastam as pessoas. Um depoimento que escuto com frequência, e que percebo em mim também, é a diminuição da tolerância por causa da ansiedade.

Uma mulher que se percebe sem paciência com seu filho. Um homem que não consegue ouvir sua companheira, pois já reage antes dela fechar o raciocínio. Uma mulher que não consegue segurar sua fala no trabalho e acaba causando confusão sem necessidade, por não conseguir esperar o momento certo. São relatos tão frequentes, que posso afirmar: esses personagens somos nós. Uns mais, outros menos, mas todas as pessoas que são forçadas a administrar a ansiedade no dia a dia já passaram por situações assim ou por outras semelhantes.

É um ciclo que já vivemos repetidas vezes. A ansiedade provoca uma vontade de correr, de que algo precisa ser feito, sem saber exatamente o que, isso eu chamo de senso de urgência, que além de ser muito incômodo, nos confunde do que é realmente importante. Digo isso embasado em Neurociência, além de observação pessoal e clínica. A área do cérebro que fica super estimulada na ansiedade e estresse, a amígdala cerebral, é participante fundamental na valoração, em outras palavras: no valor que damos às coisas. Por isso, para uma mente ansiosa, de repente ter que falar parece exageradamente importante. Falamos e acabamos magoando por não ter a devida paciência a considerar como o outro receberá as palavras.

A crença e sentimento de pertencimento íntimo é fundamental para o repouso do sistema nervoso. O cérebro funciona com mais desgaste em pessoas solitárias, a razão disso pode ser compreendida no fato que elas sentem que podem contar apenas consigo mesmas. Ainda mais quando não confiam em si por falta de autocontrole.

Sabotadores mentais estão diretamente associados a subsistemas cerebrais de defesa primitiva. Partes do nosso cérebro podem assumir o controle com a falsa promessa de segurança, mas que na verdade provocam perda de inteligência e criatividade, levando a atitudes impulsivas e reativas. Podemos reduzir drasticamente o surgimento desses sabotadores e promover a integração cerebral, usar mais de nosso potencial de sabedoria, cultivando qualidades favoráveis como paciência, ética e alegria, para poder sentir uma conexão profunda no presente e ver o amor que está ocorrendo por estar com a mente aqui e agora.

A esse estado de gentileza consigo e a conexão com o outro, pleno de criatividade e firmeza de propósito eu chamo de Mente Lúcida. Transformar hábitos mentais antigos exige prática e familiarização com o novo. A boa notícia é que existe um passo a passo que pode levar a pessoa na direção de escolher seus pensamentos, semear simpatia, cultivar amor e paz nos seus relacionamentos familiares, sociais, afetivos e profissionais.

Para iniciar o processo de mudança almejado e viver plenamente, transforme um pouco sua mente, seus relacionamentos, seu sono, sua energia e sua equipe. Em consequência, sua vida como um todo vai subir para o próximo degrau.

O primeiro passo é transformar um pouco a sua mente: Pode começar percebendo seu tom de voz mental, isso traz naturalmente autoconsciência para sua atitude mental consigo. Da mesma maneira que o sentido e resultado de uma comunicação depende mais do tom de voz e do jeito de falar do que das palavras, internamente também o efeito de uma pergunta a si mesmo depende do tom de voz mental e da atitude. Imagine alguém que se pergunta em tom de desespero e de indignação: “O que eu fiz para isso acontecer comigo?”. Agora imagine uma pessoa que com um tom mental de gentileza e curiosidade pergunta: “O que eu fiz para isso acontecer comigo?”. O resultado mental é completamente diferente. Com gentileza e curiosidade temos criatividade e autoconsciência. Comece reservando 5 minutos três vezes ao dia para respirar atentamente com gentileza, aprender a repousar em plena consciência.

Outro importante passo é melhorar os relacionamentos, em todas as esferas (familiar, afetiva, profissional e social), agora indo para fora e cuidando de nossa relação com os outros e com a vida. Comece pelo mais fácil, com os relacionamentos mais fáceis de melhorar, com esses você vai cultivar as qualidades necessárias para melhorar os mais difíceis. Qual relacionamento seria relativamente simples de melhorar? Como posso melhorar esse relacionamento? Demonstrar gratidão é sempre uma boa ideia. Por outro lado nos relacionamentos de casal ritos cotidianos são muito mais importantes do que as pessoas em geral reconhecem, um exemplo simples é o momento que um dos cônjuges chega em casa, é importantíssimo ser recebido e acolhido. Ritos para se comportarem no momento de um desentendimento são salvadores de relacionamentos. É possível aprender a cultivar estrategicamente amor e compaixão, práticas meditativas podem auxiliar muito.

Esse é o final e o início de um novo ciclo. Melhorando sua maneira de se relacionar consigo e com o outro, novos desafios ficarão claros em seus processos mentais, daí se inicia uma nova jornada para transformar em sua mente, pode por exemplo aumentar a clareza de objetivo ou as bases de sua identidade, revisitando seus valores pessoais, escrevendo uma nova história e uma nova maneira de se relacionar e viver.

* Júlio Lins, após uma experiência de infarto, tem dedicado sua vida ao estudo da meditação atenção-conscientização e da ação centrada em valores. Médico, fundou o programa Atentamente, primeiro programa de Mindfulness no sistema público de saúde onde atua como facilitador e tutor. Professor da UFPE é facilitador do grupo de meditação terapêutica do Núcleo

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