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‘No dia 8 de março o que eu quero é outra coisa’

Por Michela Albuquerque

No dia 8 de março o que eu quero é outra coisa.
Se desejo receber rosas no dia 8 de março? Não. Prefiro não. Flores, rosas e outros presentes que foram enquadrados como “presente que mulher gosta”; “feminino”; “de homenagem”…. No oito de março, não. Hoje, se querem partilhar algo por conta da data, que seja: estejam comigo, ao meu lado (meus amigos, meu namorado, meus companheiros de trabalho, meu irmão, meu pai) reconhecendo minha liberdade – ela é o que há de mais importante pra mim…O que significa: não ser pensada a partir do que você é, ou em antagonismo a você (o que dá no mesmo: o ponto referencial é masculino). Eu: emoção. Você: razão. Eu: frágil. Você: forte. Etc, etc, etc. Lute ao meu lado e não sucumba, portanto, ao apelo mítico-bíblico que me reconhece como uma parte de uma costela (masculina)! Entenda que minha liberdade não é, não pode ser, apenas a projeção daquilo que você reconhece em mim como valor, sendo a capacidade de gestar e ser esposa ainda (eu disse ainda!) as mais frequentemente valorizadas. Ainda que alguns disfarcem bem…

Sabe, gosto de estar com você nos espaços que foram salvaguardados como seus: a rua, o bar, a universidade…ou seja: fora de casa! Casa como lugar de mulher, mil justificativas foram perpetradas ao longo desse tempão de mundo: dos gregos até hoje, e então, e além… Gregos diziam que por serem frios, nossos corpos deveriam estar protegidos e aquecidos no interior das casas… Enquanto isso…Bem… Meu bem…. Enquanto isso lá na gostosa e esclarecida Grécia estavam os homens no ginásio – trabalhando e fortificando seus corpos. E nas assembleias – trabalhando e fortificando suas mentes. Hoje estão ainda, cá, fortes e fragueiros menininhos que estimulamos a estarem na rua jogando bola, empinando pipa e, vez em sempre, achando lindo quando fazem aquele xixizinho público, né? Depois, na rua, agitando um lance, um movimento, trocando ideias… Na rua e entre si. Então, meus queridos, que a rosa não obscureça o que realmente interessa: lutem ao meu lado para lugar de mulher ser onde ela quiser. Para os feminismos (sim, é plural) não serem negados sob a contemporânea “justificativa” de que além e acima dele está o humanismo. Diga você, meu amigo, em alto e bom som que feminazi é o caralho! Esteja comigo. Firme comigo. Venha comigo. Lute ao meu lado que vou te encontrar no bar mais próximo, ou mais distante, sem medo que seja tarde demais, escuro, sem medo de ser atacada, usando a roupa que eu quiser, sem medo de você ser um babaca…Portanto: não se faça de desentendido e lembre que algumas das minhas pautas são:
direito ao meu próprio corpo;
não criminalização do aborto, logo: da mulher;
autonomia econômica para todas as mulheres (independente de cor, raça, orientação sexual..)
Mas se não quiser, não tem problema, a luta é antes de tudo minha … Estou nela aguerrida e não abro.

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