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“Dançar se transformou em meu caminho de autoconhecimento e crescimento espiritual. Dançando minha alma fica livre e feliz.”

Flores no Ar conversou com a focalizadora de Danças Circulares Mércia Andade.
Flores no Ar – Diga-me quem é Mércia?
Mércia – Como o assunto é dança, posso dizer que sou uma pessoa que ama dançar, todo tipo de dança. A dança pra mim é o meio natural para experimentar alegria, entrega, unidade, meditação, liberdade. Dançando minha alma fica livre e feliz.

Flores no Ar – O que são as Danças Circulares?
Mércia – Podemos dizer que são danças de roda, embora algumas sejam praticadas em círculo aberto ou linha. Mas essa é uma parte muito pequena do que são as danças, um aspecto da forma, por outro lado não é uma forma qualquer, mas um símbolo sagrado, representa a própria criação. Na Tradição Tupi, que está em nossa raízes, é dito que

“ Quando se forma um círculo sobre a terra imediatamente você pode estabelecer uma conexão com a Mãe Terra, com a pulsação da energia viva de nossa Mãe.”

Quando formamos um círculo que gira em harmonia, é alguma coisa de mágico, capaz de transmutar energias, de elevar, de trazer a mais genuína alegria, prazer, êxtase e, ao mesmo tempo, uma profunda paz. É curativo, uma experiência inexplicável, cada pessoa tem que dar a mão e entrar na roda pra saber do que estamos falando.

Em seu aspecto mais ordinário é também uma forma lúdica de trabalhar o corpo físico, é um exercício aeróbico, mental – através do exercício da atenção, concentração, memória, lateralidade etc – e emocional, por meio da integração, aceitação das próprias dificuldades e da dos outros participantes. Esses e muitos outros aspectos são experienciados.

Há também o aspecto cultural e de aproximação dos povos, através das danças entramos em contato, cantamos e dançamos as cultura s e tradições de muitos povos. Muitos desses povos, pouco ouvimos falar, essa é uma outra maravilha desse movimento.

Flores no Ar – Como você conheceu as danças circulares?
Mércia – Conheci primeiro as Danças da Paz Universal (DUP). Apesar de ser bem menos difundida, houve uma “coincidência”. Certa vez uma pessoa que não lembro agora o nome veio aRecife, era 1998, e fez um encontro de DUP. O grupo era tão pequeno que aconteceu noapartamento de Gracinha, que já naquela época era uma amiga querida e companheira de caminhada. Eu adorei, mas por um bom tempo não tive mais notícias do movimento.

Só em 2000 tomei conhecimento de encontros de danças circulares que aconteciam no CENAP, normalmente focalizados por Álvaro Pantoja, e comecei a participar. Em 2003 participei de oficinas, com William Valle e Bruno Perel. A partir daí não parei mais, fiquei apaixonada pelas danças. Em janeiro de 2004 fui a São Paulo participar de um grupo intensivo de formação em Nazaré Paulista e em junho do mesmo ano comecei a reunir pessoas para dançar. Hoje, além de reunir grupos para dançar também trabalho, desde 2006, com adolescentes e jovens na ONG adoleScER.

Flores no Ar – O que te encantou nessas danças?
Mércia – Tudo de bom que elas podem nos proporcionar. Alegria, paz, harmonia, integração, muitas e muitas bênçãos, tudo isso com muito, muito prazer, um verdadeiro êxtase. Por todas essas maravilhas as Danças Circulares são também curativas, pacificadoras; uma pessoa alegre não será agressiva com outra. São danças mágicas, uma grande benção.

Flores no Ar – Você percebe muitas mudanças na sua vida desde que você conheceu as Danças Circulares?
Mércia – Muitas. Na época que conheci as danças já havia passado por uma grande crise e transição na área profissional, abandonado um emprego no qual trabalhava como analista de sistemas e estava trabalhando com mosaico. Por algum tempo fiquei dividida nas duas atividades, mas depois fechei o ateliê e passei a me dedicar exclusivamente às danças, o que já foi uma grande mudança.

Uma das maiores inquietações em relação a meu antigo trabalho era a falta de sentido que eu sentia. O trabalho com adolescentes e jovens no adoleScER tem levado as DC a muitos grupos e comunidades, criado oportunidade para muitas pessoas praticarem as danças, pessoas que de outra forma dificilmente teriam acesso a essa prática. Isso é muito gratificante porque tenho certeza que a prática das danças pode curar muitos aspectos do ser.

As danças mudaram meu rumo de vida, me reencontrei com uma atividade que amo e que por força das circunstâncias e crenças infundadas havia abandonado. Pratiquei muitos tipos de danças, moderna, jazz, sapateado, espontânea … Por volta dos 28 anos mais ou menos comecei a me sentir inadequada nos espaços disponíveis para prática de dança, por outro lado as exigências da profissão, maternidade e casamento não deixavam muito espaço para outras atividades.

Quando encontrei as DC já havia deixado meu emprego e os filhos já estavam crescidos, e nas danças circulares não há limite de idade para praticar. Foi como reencontrar uma parte de mim mesma que estava esquecida. De lá pra cá as DC fazem parte de meu cotidiano de tal forma que se passo alguns dias sem dançar começo a me sentir mais impaciente, mais irritada … são as danças me chamando de volta! Dançar se transformou em meu caminho de autoconhecimento e crescimento espiritual.

Flores no Ar -Fala um pouquinho sobre as Danças da Paz Universal!
Mércia – As Danças da Paz Universal é um movimento iniciado através de Murshid Samuel L. Lewis, ou Murshid SAM, místico Sufi. Surgiram da “visão” de que a paz poderia ser conquistada através das artes, e que se as pessoas pudessem “comer, dançar e rezar juntas” a paz se tornaria uma realidade.

Nas DUP cantamos e dançamos mantras e palavras de poder das mais diversas tradições. Sua prática nos leva a entrar em conexão com nossos sentimentos e com os sentimentos dos outros seres, e quando isso acontece podemos experimentar a conexão que existe entre todos os seres, podemos ter um vislumbre da experiência de unidade e profunda paz. É uma experiência muito significativa e aqui novamente é preciso experienciar pra saber.

“O grande trabalho de iniciação daqui pra frente será espalhar baraka (bençãos). Através dela, será purificada a atmosfera geral, e através da mensagem, gradualmente, serão tocados mentes e corações de todos que passarem através dela. Quem respirar o ar ou for a local onde haja uma semente de baraka, irá disseminá-la.”
(Murshid Samuel Lewis)

Flores no Ar – O que mais você quer acrescentar?
Mércia – Convido a todos para que experimentem, dêem as mãos e entrem na roda. Celebrem a Vida! Compartilho dizeres de Bernhard Wosien, bailarino que deu origem ao movimento das Danças Circulares como conhecemos.

“Um novo capítulo da minha vida começou quando decidi dedicar minha atenção às danças de roda e às danças dos povos. Cada recomeço esconde um segredo e me pareceu como se brilhasse em mim uma luz completamente nova, quando no início dos anos 50 em Dresden, assisti à apresentação do conjunto folclórico Iugoslavo Kolo. Ali estavam, primeiro, o balançar-se e o saltar entusiasmado, ligados um ao outro em círculos e correntes, o ímpeto arrebatador e a alegria vital das sequências rítmicas dos passos, e também as melodias delicadas e íntimas canções de amor dos pastores dos Bálcãs. O que eu vivenciei foi a força da roda.”

“Deixei-me arrebatar pela vibração das danças populares, contagiado pelo fogo maravilhoso da comunidade, que realmente dava para sentir fisicamente, em carne e osso. Trespassado por essa nova atmosfera sob céu aberto, senti a brisa fresca dos ventos, me abri para o júbilo das vozes e vi os rostos, vi neles suas vidas. Durante uma viagem para a Bulgária vi as pessoas numa festa e observei nos seus rostos e movimentos influenciados por séculos de preparo da terra.”
(Bernhard Wosien, bailarino e coreógrafo)


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