[ARTIGO] A pandemia versando o mundo interior
| Por Patrícia Mello* |
E assim caminha, inquerida no agora, a humanidade … convidada a olhar para dentro através do que acontece lá fora.
A vida do mundo todo sobre a responsabilidade do seu infinito particular, causando desconfortos no amargo da dor que chega a ser de todos, mesmo sendo só sua.
Ah! Insensato distinto que nos concede a prioridade em escolher o que realmente importa: se a vida ou sua forma de ser.
Se me deixo levar, me torno um barco à deriva ansiando por um cais de chegadas ou de partidas.
Se me coloco a conduzir, sigo por mares desconhecidos tão pouco oportunos, capazes de afogar todos os meus devaneios de marujo inexperiente.
Bem faz o vento na sua trajetória em percorrer todos os cantos, às vezes como brisa, às vezes como ventania, mas sabedor da sua condição etérea .
O Ser humano não se sabe, e talvez por isso se coloque contrariado em sua função de aprendiz, que diante de um outro ser que abate a humanidade não consegue se curvar a fim de tornar-se minúsculo e escapulir enfrentado. É certo! Mas reconhecendo a nobreza que lhe é imputada mesmo sendo invisível no combate.
O mundo todo a espera de uma reconciliação… Será que como o vento é possível tocar em todos os cantos? Será que se misturando nossas dores e temores nós encontramos? E se for essa mistura o nosso verdadeiro receio? … Sigamos na nossa peste interior.
21/04 – Outono, 2020.
*Patrícia Mello é psicóloga, arteterapeuta e gestora do Espaço Gerar – Arteterapia e Bem-Estar.