[ZÉ DE JOANA] “Joana, me dê esse menino pr’eu fazer dele um doutor?”
| Por Lu Rabelo (Luciana de Zé de Joana) |
Painho contava que ainda menino, ao terminar o primário, em Santa Maria (Tupanaci), Dom Augusto Carvalho, filho do mesmo povoado – na época ordenado padre em Floresta -, prometeu dar a ele o anel de formatura, quando um dia papai se formasse.
Por volta dos 20 anos de idade – início dos anos 50 – Zé de Joana, meu pai, foi morar em Serra Talhada com seus parentes paternos, e integrou a comitiva formada para fundação do Ginásio Cônego Torres, onde, enfim, pôde iniciar o curso ginasial. Terminou o segundo grau no Ginásio Pernambucano, no Recife, época em que trabalhava na Coletoria Estadual e estudava pro concurso do Banco do Brasil.
Já funcionário do Banco do Brasil e finalizando o curso de Direito, em Caruaru, papai recebe a visita de Dom Augusto, que veio cumprir o prometido uns 20 anos atrás. Colocou a mão no bolso e tirou uma quantidade de cédulas suficientes para papai comprar o anel da formatura.
Fui batizada por Dom Augusto, na igreja da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru, em 25 de dezembro de 1973. Painho uma vez me contou que durante o meu batizado eu bati na vela, que caiu em cima da Bíblia (mainha tem uma vaga lembrança deste acontecimento). Tenho a honra de ter como madrinha tia Deda e padrinho tio Rabelo. A propósito, foi graças a eles que painho e mainha se conheceram em Serra Talhada, onde casaram.
Mas voltando à formação de papai, lembro de uma outra boa história:
Quando papai era menino, um parente dele por parte do pai (João Alves de Oliveira) foi em Santa Maria conversar com minha avó (Joana Luiza de Jesus).
E pediu: – Joana, me dê esse menino pr’eu fazer dele um doutor?
E minha vó, analfabeta, respondeu: – É mesmo isso que eu vou fazer dele!