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Zé de Joana declamando Emygdio de Miranda

Neste vídeo do acervo do projeto Fitas na Tela, Zé de Joana, declama e comenta, no ano de 2009, dois poemas de Waldemar Emygdio de Miranda.

Segundo uma breve pesquisa que fiz, o poeta Emygdio de Miranda nasceu em 1897, no Recife. Ainda pequeno, no início do século XX, se mudou com os pais para então Vila Bela, atual Serra Talhada, localizada no Sertão do Pajeú pernambucano. Ainda muito jovem se revelou poeta, encantando as rodas dos saraus literários daquele tempo.

Com a iniciativa de instalar em Princesa, na Paraíba, o Movimento Modernista, Emygdio de Miranda fez com que a então vila fosse a única localidade no Estado da Paraíba a dar apoio ao Manifesto Modernista de 1922. Em outubro de 1925, o poeta fundou na vila de Princesa uma Sociedade de Letras, denominada “Grupo Literário Joaquim Inojosa”, em homenagem ao poeta, jornalista, advogado e crítico, responsável por divulgar em Pernambuco as inovações estéticas do modernismo paulista.

O poeta, que também foi professor, faleceu em 1933, aos 35 anos. Teve seus poemas publicados em dois livros póstumos: “Rosal” e “Rosa da Serra” .

Abaixo, os poemas de Emygdio de Miranda declamados neste vídeo!

A UM BURGUÊS
(Emygdio de Miranda)

Tu, ventrudo burguês analfabeto,
Escultura rotunda da irrisão,
Para quem o viver mais limpo e reto
Consiste em ser avaro e ter balcão;

Tu, que resumes todo o teu afeto
No dinheiro – o metal da sedução
Pelo qual negociarás abjeto
Tua esposa, teu lar, teu coração.

Escuta, ó ignorantaço, o que te digo:
Esse ouro protetor, que é teu amigo,
Que te deu o conforto de um paxá,

Pode comprar qualquer burguês cretino;
Mas a lira de um vate peregrino
Não compra, não comprou, não comprará.

TODA DE BRANCO
(Emygdio de Miranda)

Toda de Branco vai entrar na Igreja…
Traz a palma e a capela do noivado;
Por isso não é de admirar que esteja
O velho laranjal despetalado.

Deus que é bom, Deus que é pai, Deus a proteja!
Porque nunca ela teve um só pecado…
Sua alma é como a própria fonte, alveja
Hóstia de armindo em cálix nevoado!

É pura, e no entanto amou um dia!
Alguém a teve trêmula nos braços,
Trêmula e branca! Virginal e fria.

Mas hoje é noiva. Afortunada seja!
Mulher de outro por sagrados laços,
Toda de Branco vai sair da Igreja.

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