[CANTO DE LU] ‘Meu sangue não vai mais pro lixo’

| Por Lu Rabelo* |
Há pouco mais de dez anos, passei dez lindos dias no Capão, na Chapada Diamantina/BA. Vivi momentos muito intensos, de plena integração com a Natureza e harmonia interior. Um desses momentos aconteceu num encontro de Dança da Paz na casa de Zelice Peixoto, junto à minha amiga Ely.
Conversamos muito e Zelice nos contou a história de uma conversa que houve entre uma branca e uma índia norte-americanas. Falando sobre os ciclos femininos, a índia comentou achar bem estranho as mulheres brancas jogarem seu sangue no lixo. Para o povo indígena o sangue é sagrado, e elas, as índias, vertem seu sangue para terra.
Zelice conta que desde que ouviu essa história decidiu que nunca mais faria isso com o sangue dela. E nos falou da experiência de usar os velhos ‘paninhos’ durante os dias de menstruação, como faziam nossas antepassadas. Nos ensinou o ritual de lavar os paninhos num primeiro momento só com água, e utilizar esta água para regar as plantas.
Naquele mesmo dia decidi que meu sangue também não iria mais pro lixo. E assim venho fazendo desde então. Os benefícios são muitos! Meu ciclo menstrual ficou totalmente regular, conectado ao ciclo Lunar. Minhas cólicas praticamente acabaram. Aprendi a sentir mais os sinais do meu corpo, meus cheiros, meus humores… E minhas plantas ficaram mais belas!
Além da reconexão com a natureza, este ato me trouxe mais saúde, pois não preciso colocar meu corpo em contato com os absorventes descartáveis, que são cheios de porcarias adicionadas para não vazar e para ‘disfarçar’ o cheiro do sangue. Também reduzi meu lixo e deixei de gastar R$ com a compra dos absorventes. (obs: Cada mulher utiliza em sua vida fértil em média dez mil absorventes que demoram em torno de 100 anos para se decompor.)
Recentemente conheci o ‘moon cup’ (copo da lua, coletor menstrual), feito de silicone medicinal. Num primeiro momento fiquei meio assim, receosa de introduzir o copinho na minha vagina. Mas quando comecei a usá-lo, vi que é prático, mas ainda prefiro os paninhos e absorventes de pano. (embaixo deste texto tem alguns links sobre o copo da lua).
Escrevo este artigo para alertar as mulheres sobre a importância do resgate dos seus corpos, do seu sangue. A menstruação é um ato orgânico, natural, saudável e Sagrado. Que todas possam desfrutar deste bem!
Sei que para muitas não é fácil enxergar dessa forma. Lembro que quando menstruei morria de vergonha de ir à farmácia comprar absorvente. Fomos ensinadas que o nosso sangue é algo sujo, vergonhoso. Mas isso é mentira! É mais uma das formas de conter o poder feminino.
Sei também que no corre-corre do dia a dia é mais prático usar o absorvente descartável. Mas ele descarta junto o ritual de entrarmos em contato com o nosso sangue, com a nossa natureza.
Gosto muito de usar os paninhos e abiosorventes (feitos de pano), e ver/sentir a água vermelha quando os enxaguo e,em seguida, vou alimentar minhas plantas. Mas quem prefere praticidade, o coletor menstrual é o ideal. O sangue fica armazenado no copinho e é só diluí-lo em água e derramá-lo nas plantinhas. Depois é só lavá-lo e está pronto para o uso.
Pois bem, mulheres, faço um convite para que experimentem e se conectem mais intensamente com o seu sangue e com a terra. Aproveito também para indicar algumas leituras ótimas sobre o Sagrado Feminino, assim como links para os coletores menstruais e abiosorventes.
Aho!
Coletores/copos menstruais e abiosorventes:
Artemísia – Ecológica e Feminina
Vídeo ‘O resgate do Sagrado Feminino’
https://www.youtube.com/watch?v=XdEK0co_Gaw&feature=youtu.be
Vídeo sobre o copo menstrual:
https://www.youtube.com/watch?v=bhOg9-_3_KA
Livros:
As Cartas do Caminho Sagrado (Jamie Sams)
Seu Sangue é Ouro (Lara Owen)
O Oráculo da Deusa (Amy Sophia Marashinsky)
O Tarô da Deusa Tríplice, Isha Lerner
Links sobre o Sagrado Feminino:
Meu ciclo, minhas fases e a lua
Sin Nombres – Autoretratos Menstruales
* Lu Rabelo é cantadeira, arteterapeuta, jornalista e editora do Portal Flores no Ar.
lasca!!!