[CONTO] O amor

| Por Daniella Freitas |
(freitas27daniella@gmail.com)
O sol já estava baixo, quando ela foi até o terraço, e viu o homem concentrado no plantio de mais uma muda. Ele limpava o lugar, tirando o mato. Preparava e remexia a terra.
Ela descobriu o amor de Deus e o amor do homem, mais ou menos, ao mesmo tempo. O amor de Deus: um porto seguro, uma certeza. O amor do homem: uma grande aventura, um mergulho no incerto.
Observando o cuidado dele com as plantas, sentiu que, naquele momento, o amor de Deus e o amor do homem se misturavam, assim como os nutrientes, que fariam aquele lírio crescer, tornando o jardim do sítio ainda mais bonito.
Resolveu fazer um bolo. Coisas da memória afetiva. A receita simples representava para ela uma lembrança especial de amor. Juntou os ingredientes: ovos, açúcar, fubá, farinha de trigo, manteiga, leite, fermento. Em quarenta minutos, um cheiro bom tomava conta da cozinha.
Serviu o lanche no terraço. O homem, suado e sujo de terra, comeu o bolo segurando a mão dela com delicadeza. A cada pedacinho colocado na boca, um olhar reluzente.
A parte da iguaria que caberia a Deus, ela ofereceu aos meninos da vizinhança, que andavam pelo sítio, em busca de frutas caídas do pé. Eles comeram o bolo, alegres. A cada pedacinho colocado na boca, um sorriso divino.