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‘Pela libertação do masculino’, por Marina Santos

Jana e VitchéMeu lado masculino cansou de ser reprimido, reduzido,
soldadinho de guerra, carrinho de controle remoto.
Indignou-se com a “civil ação”.
Ela, filha egoísta, quebrou-lhe, da mão esquerda, o espelho.
Deixando somente uma lança à sua direita.
Aleijou sua completude,
deixou-lhe cego para o self!

“O que fazer com esse lado esquerdo, indefeso e sem utilidade?”
Abandonou no meio do caminho a sua metade…

E, assim, construiu. Fez-se civil
a golpes de machado, a tiros de escopeta, lançando mulheres na fogueira
para queimar o poder oculto e sedutor que lhe era proibido.
Criou a necessidade ilusória de dominar para crescer,
de controlar para prosperar, de possuir para ser vencedor,
de acumular.

Possuir o que?
Vencedor de que?
Construir o que?

Meu lado masculino partiu agora em busca de seus cacos perdidos, do seu brilho roubado.
Quer mirar-se, ser Oxum, mergulhar em si mesmo, descansar.
Chorar todas as lágrimas que lhe fizeram represar.
Afundar no choro para aguar-se e descobrir os seus mistérios.

“O que te faz de fato homem, Ser Homem?”, indaga-se!

Meu lado masculino quer também brincar de boneca, ser um cuidador.
Quer de volta o espelho para poder pintar-se de qualquer cor.
Quer repartir, quer curar, quer estender a mão, ajudar o semelhante, brincar de roda!
Dar sentido a mão que lhe amputaram.

Meu lado masculino quer saber o que pode ser diante do ser mulher.
Quer desvendar seu papel, a sabedoria da sua força yang.
Aceitar o yin para juntos equilibrarem-se numa dança cósmica.
Pois somente quando unidos, serão potentes, serão unos.
Quer abraçar outros homens, gostar do seu próprio cheiro, admirar suas feições.

Vai, companheiro, parte em busca do teu espelho!
Do que te faz ser por inteiro!
Sempre foste navegador…
Qual é o teu discurso?
Encontra a cidade em que residem tuas fragilidades,
os paraísos que te foram negados – ao lado dos tantos que te foram permitidos -,
Também foste repreendido, sepultado!

Descobre em ti o pai e a mãe,
a sacerdotisa e o sacerdote,
Aprende a ser flor,
a dar-se para a colheita,
a enfeitar os caminhos.
Abre tua mão esquerda vazia.
Bombeia em ti a poesia.
Escuta o teu coração.

(Marina Santos – 15/01/2013)

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