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Yoga como prática terapêutica no tratamento da saúde mental

O CAPS Casa Forte, no Recife, inova e introduz aulas de yoga como prática terapêutica no tratamento da saúde mental. O projeto, iniciado pioneiramente pelo Núcleo de Atenção Psicossocial de Pernambuco (NAPPE) e pelo CAPS Casa Forte há cerca de um ano, comprova que a prática de Yoga pode ser um importante aliado no tratamento de pacientes com transtornos psicóticos

O Ateliê da Casa, espaço que acolhe pacientes com transtornos psicóticos funcionando como centro de convivência e hospital-dia, onde as pessoas em tratamento produzem arte, cultura e educação na busca pela profissionalização, reabilitação e reinserção social, mostra que a prática de yoga pode ser uma aliada importante no tratamento dos pacientes com transtornos mentais. A proposta é inovadora e já tem respostas que podem indicar um novo caminho entre os benefícios do yoga.

A oficina conta com a participação de alguns dos usuários atendidos pelo CAPS Casa Forte e NAPPE. É coordenada pela psicóloga Carolina Medeiros, também instrutora de yoga formada pela Associação Nacional de Yoga Integral (ANYI).

Para a psicóloga, respostas como a percepção de partes do corpo que antes não eram notadas, atenção à respiração e outras manifestações são essenciais. “O tratamento direcionado à esquizofrenia ao longo da história, traz um distanciamento do corpo e de si mesmo e com a prática de yoga alguns padrões vão se desfazendo. Alguns trazem na memória o internamento em hospitais psiquiátricos onde foram amarrados, receberam choques, gerando padrões corporais muito rígidos que com a yoga vão sendo vencidos. Com a soltura articular através da prática vem a percepção de muito mais prazer em relação ao corpo e ao movimento. É uma descoberta diária que empreendemos juntos”, diz, reforçando que a inovação carrega em si a necessidade da experiência prática que precisa preencher a lacuna da inexistência de material teórico sobre o tema. “Não conheço livros sobre yoga no tratamento de pacientes com transtornos psicóticos graves. Encontrei alguns artigos, mas que falam sobre yoga e depressão ou da prática para pessoas com apenas um sintoma, mas para o público que estamos trabalhando não achei publicações teóricas ainda”.

Quando estava concluindo a graduação em Psicologia na Universidade Federal de Pernambuco, em 2008, Carolina entrou em contato com o presidente da ANYI, Horivaldo Gomes e decidiu dedicar-se paralelamente à formação como instrutora de yoga. Elegeu o trabalho no CAPS Casa Forte como estágio extracurricular e curricular e começou a desenvolver suas ideias com pacientes com transtornos leves, como neuroses e estresse. Os resultados levaram a psicóloga a buscar uma abordagem mais profunda com o tempo, envolvendo os usuários com transtornos e neuroses graves.

“Quando fiz a formação com Horivaldo aprendi que yoga é um caminho de acesso a si mesmo, levando ao estado de união e isso é essencial no processo de tratamento dos transtornos mentais”, explica Carolina. Ela conta que foi desenvolvendo seus métodos específicos a partir das respostas do grupo e hoje trabalha com uma oficina integrada dividida em 45 minutos de yoga e mais 45 de arteterapia dentro do mesmo tema. A média é de 10 pacientes entre 30 e 60 anos a cada aula, todas as quintas pela manhã no NAPPE e as sextas no CAPS Casa Forte.

Na oficina a abordagem prática inclui aromaterapia, automassagem com óleos vegetais e saquinhos com argila, respiração, asanas (posturas específicas da prática de yoga – em sânscrito quer dizer postura confortável e equilibrada) e relaxamento. O uso de acessórios, como elástico, parede como apoio, cadeira, apresentam-se como fundamentais para melhor acesso às posturas e proteção. Sobre as contraindicações Carolina Medeiros garante: “Yoga para mim não tem contraindicações, há situações específicas que provocam limitações como em casos de diabetes, pressão alta, hérnia de disco, gravidez, mas isso pode existir em qualquer público e você sabe exatamente o que é contraindicado nesses casos, uma postura específica, um exercício determinado de respiração, e que pode ter outros caminhos dentro da própria prática. A contraindicação às vezes parte muito de um tabu, de achar que não dá para chegar perto dessas pessoas”.

O CAPS Casa Forte já tem uma abordagem corporal no tratamento dos seus pacientes, a prática da capoeira como instrumento terapêutico no tratamento da saúde mental, por exemplo, vem sendo usada de forma pioneira em Pernambuco há mais de uma década pela equipe, em trabalho iniciado pelo Núcleo de Atenção Psicossocial de Pernambuco (NAPPE), que também funciona como hospital-dia no tratamento de portadores de transtornos psicóticos crônicos e agudos no Recife e posteriormente adotada também pelo CAPS Casa Forte.

“Os efeitos positivos das práticas corporais no tratamento dos nossos pacientes estão mais do que comprovados”, diz o psiquiatra Marcos Noronha, um dos fundadores do CAPS Casa Forte e do NAPPE.

De acordo com o psiquiatra, é possível comprovar na prática o valor terapêutico dessas ações e seu potencial de estímulo da criatividade, controle físico e mental, desenvolvimento psicomotor e também colaborar para que o indivíduo enfrente melhor as situações do dia a dia, incentivando dessa forma a busca da autonomia, e ainda sendo um meio incentivador à reintegração social. Outra função das atividades é promover uma nova visão de política cultural e da política de saúde mental, onde o respeito à identidade e à diversidade são os vetores principais.

A oficina de yoga faz parte do projeto Casa Aberta, que tem o objetivo principal de aproximar pacientes, familiares e a sociedade em geral na busca por um melhor entendimento geral sobre os distúrbios mentais e as possibilidades de melhoria da qualidade de vida a partir de uma melhor compreensão social e desenvolvimento das habilidades destes pacientes.

O Ateliê da Casa, inaugurado há três anos, é coordenado pela equipe de psicólogos e psiquiatras do CAPS Casa Forte e realiza uma série de atividades, como oficinas de teatro, argila, música, culinária, interpretação de sonhos, yoga, cinema, capoeira, poesia, fotografia e contação de histórias, entre outras.

Serviço:
CAPS Casa Forte
Rua Marechal Rondon, 256, Casa Forte
Telefone: 3441.0433
www.capscasaforte.com.br

NAPPE
Rua Dom Carlos Coelho, Boa Vista




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