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Vênus em oposição a Urano

Por Haroldo Barros
 (http://haroldobarros.wordpress.com/)

Transitando em Libra, seu signo de regência, o planeta Vênus faz oposição a Urano, indicando a possibilidade de crises e conflitos afetivos

Ao ingressar no signo de Libra, o que ocorreu no dia 29 de Setembro, o planeta Vênus deu início a uma fase de equilíbrio e ponderação emocional, convidando-nos a julgar adequadamente, no que tange ao afeto e às questões relacionais.

Agora, no meio dessa fase, Vênus faz oposição com Urano, trazendo à baila uma possibilidade de conflitos e surpresas, pois Urano tem o caráter do revolucionário, do renovador, daquele que cria e recria a realidade.

Nunca é demais lembrar o mito do nascimento de Vênus.

Conta Hesíodo que Urano (o Céu) era o soberano do Universo e sempre fecundava a sua esposa Gaia (a Terra), gerando vários descendentes. Insatisfeito com os filhos, que considerava feios, porquanto excessivamente grosseiros, materiais (o Céu é incorpóreo, imaterial), Urano, assim que os rebentos nasciam, aprisionava-os novamente no ventre da mãe. Aprisionados, os filhos devotavam ao pai um ódio mortal. Até que um deles, instigado pela mãe, se prepara para combater o pai. Era Saturno, associado a Cronos, o tempo, que, armado de uma foice, ataca de surpresa e decepa a genitália do pai, quando este, em plena cópula, fecundava mais uma vez a Terra.

Castrado, perdido seu poder de fecundar, gerar e criar, Urano é exilado e Saturno sobe ao trono.

Mas o que mais nos interessa da história é o seguinte: o sangue de Urano cai sobre a Terra e faz brotar as Fúrias e os Gigantes. E o esperma de Urano cai no mar e, em contato com a espuma do mar (“aphrós”, em grego), fecunda-a e faz surgir uma belíssima concha de madrepérola, que se ergue das águas. De dentro dessa concha, nasce Aphrodite (Vênus), linda e deslumbrante.

Assim, temos que o Amor (e a beleza e a arte) é filho da última semente do Céu, sob a intervenção do Tempo. Mas se eleva acima das águas do mar (as emoções).

Nossa! Quanta sabedoria há nos mitos, não é mesmo?

Não é à-toa que Jung diz que o Mito é uma ponte para os significados mais profundos do inconsciente coletivo; e Malinowsky diz que o Mito é a pré-história da Filosofia!

Bem, o que nos diz respeito, nesse momento, é que o pai Urano e sua filha Vênus resolvem se opor, trazendo-nos essa possibilidade de recriação.

Note que a oposição Urano-Vênus se integra com o Grande Trígono entre Marte, Urano e Júpiter (sobre o qual escrevemos há alguns dias. Mais informações aqui), formando uma nova configuração chamada de pipa ou papagaio, onde Marte e Júpiter se ligam a Vênus por sêxtil (ângulo de sessenta graus). Essa configuração (ver figura) pode ser significativa de duas possibilidades:

Primeira: a de que a sabedoria e a consciência podem ajudar no nosso processo de recriação. Mais capacitados ficamos para operar as mudanças necessárias e os ajustes em nossos relacionamentos.

Ou,

Segunda: anestesiar a possível crise, escondendo os significados mais profundos que ela traz, o que impedirá o aproveitamento que uma crise (vivida conscientemente) traz.

Portanto, fique atento.

Se pintar a crise, não esconda a cabeça na areia. Encare-a de frente e procure descobrir, junto com o parceiro, o que há do outro lado dessa história. Assim, será fácil descobrir os significados e, se for o caso, redesenhar a relação, em seus papéis e em sua significância.

Também as nossas tendências artísticas, nossa criatividade deverá se exaltar, durante os próximos dias. Aproveitemos! Nesse sentido, é válido lembrar a ideia do dramaturgo, poeta e escritor alemão Friedrich Schiller, quando diz que “fazendo o Bem, nutrimos a planta da Humanidade; produzindo o Belo, espalhamos as sementes do que é divino”.

Para concluir, se o assunto é Vênus, nada melhor do que poesia!

Assim sendo, convocamos o poeta pernambucano Carlos Pena Filho, o “Poeta do Azul”, com o seu “Soneto do Desmantelo Azul”. E nele vemos o que é “uranizar”, dar significados à relação.

Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois, vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
E aprisionar no azul as coisas gratas
Enfim nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
E vimos que entre nós nascia um Sul
Vertiginosamente azul. Azul.
Dica cinematográfica

O excelente Alguém tem que ceder (Something’s Gotta Give, USA, 2003) dirigido por Nancy Meyers e estrelado por Jack Nicholson e Diane Keaton  (com Amanda Peat e Keanu Reeves no elenco).

Uma bela comédia romântica, engraçada, porém reflexiva, onde você vai ver direitinho como se recria o significado de amar e relacionar-se.

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