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Super Lua

Por Haroldo Barros
( publicado originalmente em: http://haroldobarros.wordpress.com)

Foto: Geovani Xirú

A Lua Cheia acontece às 00h35 do Domingo, dia 06 de Maio. Às 00h32 acontece o Perigeu, ou seja, o momento em que a Lua se coloca na posição de máxima aproximação da Terra.

Quando esses dois fenômenos (a Lua Cheia e o Perigeu) acontecem tão próximos um do outro (com diferença de apenas alguns minutos, nesse caso), temos um singular aumento do disco lunar, que se torna mais ou menos 14% maior.

Não é uma diferença tão grande assim… Na verdade, só uma pessoa mais afeita à observação celeste perceberá com clareza essa diferença. Porém, obviamente esse fenômeno traz significados simbólicos ricos e dignos de atenção.

Regente do sino de Câncer,  astro mais próximo da Terra, a sedutora Lua, também chamada de “o luminar das noites”, sempre esteve associada à magia , aos encantamentos e à poesia.

Diana, a deusa caçadora (chamada Ártemis pelos gregos), é irmã gêmea de Apolo (o Sol) e associada à Lua. O templo erigido em seu culto, em Éfeso, era considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Ainda criança, recebeu do pai, o poderoso Júpiter (Zeus), a graça de permanecer sempre virgem, intocável e intocada por qualquer deus ou mortal. Diana representa, portanto, o papel da fêmea indevassável, a donzela arisca, inconquistável, formando, juntamente com Palas Athena e Héstia, o grupo das chamadas “virgens brancas” do Olimpo. E aquele que ousasse ir de encontro a essa castidade era severamente punido. Assim foi com Actéon, o caçador (=buscador; simbolicamente, caçador é sempre representativo do homem, em busca do autoconhecimento, da iluminação, do Sagrado, etc.) que, escondido, pôs-se a contemplar encantado a bela Diana, enquanto esta se banhava nas frescas águas de um regato. O olhar da deusa, treinado pelas caçadas, pode perceber a presença do intruso, que sofreu terrível destino : com um gesto, Diana o transforma em cervo e Actéon é despedaçado e devorado pelos seus próprios cães de caça, que não mais o reconheciam.

Com o arco e as flechas recebidos de presente dos temíveis Ciclopes (gigantes de um só olho), Diana corria pelos campos, entretendo-se em movimentadas caçadas, sempre acompanhada de sua matilha de cães de caça e de oitenta ninfas, que lhe faziam as vezes de damas de companhia, todas absolutamente castas como sua senhora. Regente da arte da caça, impunha normas rígidas aos caçadores. Por exemplo, a fêmea prenhe não poderia ser abatida. Quem quer que descumprisse tal lei seria rigorosamente punido.

Tendo nascido antes de seu irmão gêmeo Apolo, Diana ajudou sua mãe quando do parto dele. Por isso, era sempre invocada pelas parturientes  gregas quando do nascimento de uma criança. Além disso, Diana era chamada de Paidotróphos, que quer dizer aquela que alimenta a criança. Por tais motivos, as crianças eram suas protegidas, sobretudo as meninas, que, até os oito anos, lhes eram consagradas, sendo chamadas arktoi (= ursinhas; o urso era um animal consagrado a Diana).

Astrologicamente, a Lua representa a parcela mágica da nossa psiquê, que é capaz de se encantar com as imagens internas e externas, capazes de alimentar e educar a nossa criança interior. Com suas quatro fases distintas, dividindo o seu ciclo zodiacal (de vinte e oito dias, o mais rápido dentre todos os astros), a Lua nos convida a refletir acerca da ciclologia da nossa própria vida e de nossas emoções: ora estamos em pleno processo de inspiração e desenvolvimento, como se fôssemos a Lua Crescente; e então ficamos plenos e inflados, como a própria Lua Cheia; depois, tendemos a minguar e murchar, como a Lua Minguante; e em seguida nos sentimos renovados e prontos a iniciar um novo ciclo, como a Lua Nova.

Retratando a Poesia e, mais até do que isso, a poética dentro de nossas vidas, a Lua, considerada o astro dos namorados, nos fala, através de sua luz suave, de sutileza e encantamento. Enquanto o Sol, com sua luz forte, é símbolo da consciência, da razão, da objetividade, do masculino, a Lua é símbolo do subconsciente, da magia, da subjetividade, do feminino.

Com a ocorrência dessa Superlua, qu testemunhamos hoje, estamos sendo convidados pelo Cosmos a sentir a mágica e a poética dentro de nós, que nos animam a mirar o alvo dos sonhos que buscamos realizar, retesando o arco da Poesia para disparar a flecha encantada da Magia, em direção ao Infinito, recuperando nossa capacidade de transformar abóboras em carruagens, sapos em príncipes, pererecas em princesas, resgatando o nosso dom de voar, buscar, sonhar e de se encantar com a realidade, que sempre pode ser bela.

Uma poça d’água no meio da rua pode ser motivo de queixa para os desanimados e insensíveis. Mas, para quem quer lançar o pó de pirlimpimpim, a mesma poça pode ser o espelho encantado que reflete, no chão, o brilho iridiscente das estrelas, no céu.

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