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‘Saturno entra em Escorpião’, por Haroldo Barros

(artigo publicado originalmente em http://haroldobarros.wordpress.com/)

Depois de ter passado dois anos em Libra, o planeta Saturno acaba de ingressar em Escorpião, inaugurando uma fase de transformação e dissolução das estruturas.

Regente do signo de Capricórnio, o planeta Saturno está astrologicamente associado aos conceitos de estruturação e realização. Não é à-toa que muitos o chamam de “Mestre da Luz” ou ainda de “Construtor de Universos”.

O próprio símbolo astrológico de Saturno ( uma cruz acima de um semi-círculo) indica a supremacia da matéria sobre a alma, traduzindo-se em nossa capacidade interna de edificar e cristalizar o que antes se imaginou e se idealizou.

Como um bom mestre de obras, Saturno faz questão de testar tudo o que vê. Por onde ele passa, testa as nossas fundações e a estabilidade do que construímos.

Nem sempre isso se dá de maneira fácil.

E aí entra o caráter restritivo de Saturno: o que não estiver solidamente edificado, o que não estiver estruturado de maneira firme, terá seus alicerces abalados. E daí vem o outro título de Saturno: o “Senhor do Karma”.

Mitologicamente, Saturno está associado a Cronos, o deus grego do tempo, que castrou o próprio pai (Urano) com um golpe de foice e, temendo um destino semelhante, passou a devorar os próprios filhos, assim que nasciam.

O único a escapar desse destino foi Júpiter (Zeus) que, depois de crescido, dá ao pai uma poção que o faz vomitar todos os filhos que haviam sido engolidos.

E assim é o Tempo: limita-nos, castra, devora. Mas a Memória (a poção de Júpiter) o faz vomitar tudo.

Essa é a função e a ação de Saturno: limitar e restringir, para nos disciplinar; testar e criticar, para nos edificar; dificultar e obstaculizar, para nos elevar.

O ciclo de Saturno é de aproximadamente trinta anos, ou seja, nesse período, o planeta dá uma volta completa ao redor do Zodíaco, visitando cada um dos doze signos por dois anos ou dois anos e meio.

Esse é o ciclo da estruturação das coisas e das pessoas.

Por exemplo, é fácil notar que, por volta dos vinte e nove ou trinta anos de idade, quando Saturno retorna ao ponto original do nascimento, o ser humano passa por sua primeira grande crise existencial: a inexorável percepção de que o tempo passou, de que não é mais um adolescente. Faz-se sentir aí, pela primeira vez, o peso do tempo, da responsabilidade. E a necessidade de realização pessoal. Alguns fatos marcantes podem ser característicos dessa fase, muitas vezes desencadeando perdas ou fracassos. É a ação de Saturno, o Senhor do Karma, que nos força ao amadurecimento, para nos ajudar a construir universos… A mesma crise, em um outro nível de percepção e efeitos, repete-se por volta dos cinqüenta e nove ou sessenta anos. E dessa vez, a cobrança saturnina pode ser maior.

Ao entrar em Escorpião, signo da morte, Saturno inicia uma fase em que todos os processos que nos levam ao amadurecimento, à disciplina e à edificação serão levados ao extremo. Escorpião tem o poder de dissolver, de destruir, para que algo novo possa ser erguido.

Isso nos faz lembrar o mito de Sísifo, um intrigante personagem da Mitologia Grega, um rei inteligente e esperto que foi capaz de, por duas vezes, enganar a Morte, chegando a aprisionar Tânatos, a divindade que personificava o anjo ceifador da vida.

O deus Plutão, senhor dos infernos, mas também mestre das vinganças, deixou que Sísifo vivesse até avançadíssima idade. E quando chegou finalmente ao reino dos mortos, Sísifo teve como castigo um terrível destino: foi condenado a passar a eternidade empurrando uma imensa pedra ladeira acima, na tentativa de fazê-la rolar para o outro lado de uma montanha. Mas sempre que está quase conseguindo, a pedra rola de volta para baixo e ele tem que recomeçar todo o trabalho.

Triste fim para alguém tão inteligente e esperto…

Bem, a moral da história é clara: aquele que se nega à transformação, aquele que foge às inevitáveis mudanças de rota que a vida nos oferece, estará se condenando a uma sempiterna estagnação. E, como diz a minha colega astróloga Mônica Schwarzwald, lá entre as colunas do seu Templo de Minerva, em Brasília, “toda estagnação será castigada”.

E talvez esse seja o lema que precisaremos adotar, ao longo da passagem de Saturno por Escorpião: castigar a nossa estagnação, aceitar a inexorável impermanência da condição humana, aprender a surfar na onda da mudança.

Saturno em Escorpião também pode trazer uma certa tristeza e melancolia. O que não é ruim, pois não devemos negar os aspectos tristes da vida. Vivemos uma cultura que prega a alegria a qualquer custo, sob qualquer circunstância.

Permitir-se a tristeza pode ser libertador, ainda que não precisemos nos entregar a ela, mas entender que, como diz Gibran, a alegria e a tristeza são irmãs e, enquanto você está com uma à mesa, a outra a espera em sua cama.

Fique atento.

Sobretudo fique atento para exercitar o seu livre-arbítrio, de forma a dissolver, destruir o que tem estado meio sem utilidade, prumo ou direção em sua vida, seja nas áreas pessoal, profissional e até mesmo de saúde.

Nesse particular, direcione sua atenção para as questões associadas aos intestinos, órgão sexuais e sistemas excretores. Essas partes do corpo, regidas por Escorpião, podem ressentir-se com a passagem de Saturno, sobretudo se você nasceu sobre os signos de Leão, Escorpião, Aquário ou Touro. Um check-up pode ser uma boa idéia.

E procure evitar o medo, que também pode surgir. O medo é o assassino da mente e muitas vezes é fruto mais de nossas próprias sombras do que da realidade.

Dica: O filme “O Sétimo Selo” (Det Sjunde Inseglet, Suécia, 1957), dirigido por Ingmar Bergman, onde você vai conhecer um homem que, em meio ao cenário de uma Europa medieval devastada pela Peste Negra, joga xadrez com o anjo da Morte. Será que terá bom resultado?

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