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Lixo Sonoro – Poluição

Por Ricardo Oliveira*
(Fonte: http://www.musicaorganica.com.br/ouvir.htm)

Certos efeitos da poluição sonora no organismo humano já são bem conhecidos. O excesso de ruídos determina uma enorme gama de doenças respiratórias, psíquicas e cardio-vasculares. A sobrecarga de estímulos sonoros poluentes, o lixo sonoro, gera grande tensão. A maior parte das pessoas reage a essa tensão de forma cumulativa e pouco consciente: irritação, agressividade, estresse. Os efeitos do som alterando os ritmos internos, os processamentos cerebrais e o humor são geralmente subterrâneos, mas nem por isso menos poderosos. Grande parte da sociedade tende a subestima-los ou nem mesmo os reconhece. O excesso de ruídos das grandes cidades tem comprometido bastante a saúde das pessoas, influenciando-as principalmente no nível do comportamento e das relações sociais.

O Dr. Steven Halpern relata uma experiência realizada por pesquisadores norte-americanos: um pesquisador, com o braço engessado, deixa cair uma pilha de livros e papéis na calçada, entre pedestres. Começa a apanhar os livros com ar desanimado de quem prescisa de ajuda. Outro pesquisador está com um barulhento cortador de grama a poucos metros de distância. Quando o cortador estava desligado, 80% dos traseuntes pararam para ajudar. Quando ele estava ligado, apenas 15% das pessoas se dispuseram a ajudar.

Todo o metabolismo, os processos mentais, a própria inteligência e a adequação das nossas respostas às contigências da vida – são fenômenos vibratórios. Passíveis, portanto, de interferência e intoxicação pela poluição sonora. No exemplo acima, observa-se como o interesse e a cooperação entre as pessoas diminuem drasticamente na presença do barulho. Ou seja, quando fechamos os ouvidos não nos fechamos apenas para os sons, até porque os ouvidos não têm esfincter, pálpebras, pupilas, nenhum sistema de proteção mecânica eficiente. Para ouvir menos, criamos cortinas-bloqueios internos, profundos e cheios de im(com)plicações.

É cada vez maior o volume do som nos anúncios de televisão, nos shows, nos carros de som, nas buzinas dos automóveis. Isto irrita as pessoas e as torna menos cooperativas e cada vez mais competitivas, dificultando a introspecção, o insight, a criatividade. No limiar da percepção, a sociedade como um todo vai se distanciando perigosamente dos sons que inspiram e harmonizam, como o som dos brejos, o marulhar das ondas, a batida do coração, o revoar dos pássaros no fim da tarde…

* Ricardo Oliveira é pesquisador das relações entre música, consciência e saúde; é o criador da Música Orgânica, como disciplina e abordagem artístico-terapêutica. Autor do livro Música, Saúde e Magia - teoria e prática na Música Orgânica, pela Editora Record. Ricardo Oliveira é Músico Senior pelo Creative Music Studio - NY. Lançou os trabalhos musicais: Música, Saúde e Magia; Chariot e Ciranda de Luz. Durante os anos 70 integrou o grupo Quarup; regente da Baklavá Band (NY) nos anos 80; nos anos 90 foi regente do coral do Colégio Vera Cruz (Recife-PE), do Coral Bambolê (Olinda -PE) e, do Coral de Lumiar em Nova Friburgo. Compositor, instrumentista e regente, especializou-se em uma abordagem participativa e interativa, integrando músicos, cantores e a platéia. Como professor e arteterapeuta, ministra palestras, oficinas de música e cursos de treinamento.

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