Bicho em chegança

| Por Intérprete do Delírio* |

Intérprete do delírio, o bicho em chegança. Selvagem que se vê criança. A criança que descobrindo o instinto (re)torna à vista um palco. A coragem de não sei o quê, que na solidão, se não morre, alavanca. (Meu medo de ser uma passassão e ninguém ter me dito. O pânico de ser mesmo o louco e é disso que, na entrelinha do mais íntimo, tenho fingido e fugido.) Disfarçado de mim o tão pouco que resta de conhecido, quase todo, ainda contido. A praticidade da conveniência, o espetáculo da convenção, versus o desconhecido sempre cru e o atrevimento que tem me faltado de ver ou ser desagradável; se desconforto for também dignidade. (No entre, não me escapo.) Se então quem narrasse fosse a voz do impossível, que não prevê: contempla, que não contém: se lança. Se ser louco é integrar tempo, templo e an-dança, então ir abismos pra desenvolver as musculaturas do sobrevoar. Numa terra em que foram a Atenção, us Corpus e os Sentires os grandes profanados, que dá ao povo esquecimento envenenado e enlatado como se fosse (e chamando ainda de) alimento, e entretenimento esvaziado, disfarçado de conhecimento, acordar nu sonho, é finalmente si lembrar.

*Intérprete do Delírio Errante é estudiose da memória, cartografiste, perguntadore, buscadore dos destalhes, jardineire de cores. Agente secreto (inter)estelar, que se esqueceu das Eras, vindo pra se investigar. Pilote da Nave Deyse.
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