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‘Inerente’, por Carlos Carlos

É natural prevalecer o instinto de sobrevivência na hora do perigo, mas na espécie humana as reações assumem formas menos previsíveis do que entre os animais irracionais, embora isso, em princípio, não indique necessariamente inteligência. Vejamos: se a caça é um ponto alto na realização do reino animal carnívoro, estar ou não no topo da cadeia alimentar é indiferente para qualquer espécie, contanto que existam as outras, como os elos de uma corrente que funciona.  Subentende-se aí uma consciência universal no meio ambiente regendo a existência de todos os setores que o compõem, algo que incessantemente se refaz e se mantém ao longo de até mais de um bilhão de anos de existência dessa biosfera, mas que sucumbe quase sempre que é tocado pela civilização contemporânea.

Por quê? É a tal pergunta que não quer calar. Seguida das famosas: De onde viemos, para onde vamos e qual o significado de nossa existência? Tais questões podem-se entender como um dos motivos dessa crônica, porém, longe de pensar em respondê-las, o autor que ora se aventura nesse tema quer apenas ilustrar o assunto do instinto de sobrevivência. Considerando que os perigos enfrentados pela humanidade, em sua maioria, provêm de necessidades supérfluas e artificiais, o que não torna menos temerárias as situações que põem nossa vida em risco, nossa faculdade de criar realidades, pelo que se mostra hoje, pode até nos impedir a existência no planeta.

Ou seja, se pudermos compreender a história biológica da Terra no espaço temporário de um dia, aparecemos por aqui enquanto humanidade a menos de um segundo e já causamos uma confusão que nem a gente mesmo aguenta. Pense num bichinho complicado… “Mas nós somos bicho mesmo, animal, adrenalina pura, brow. Diria algum folclórico Gengis Kan contemporâneo defendendo com orgulho a dominação de povos sobre povos, a guerra a que se atribui o controle populacional e supostas – algumas duvidosas – melhorias tecnológicas.

Bacana, porém, “bicho”, foi a surpreendente revolução do “paz e amor”, na contramão da brincadeira que perdeu a graça e tudo após dez anos de combate no Vietnam. Muita morte e mutilações apesar dos protestos que uniram o mundo contra a guerra, “como faziam os hippies, perto do fogo como na Idade Média”. Mas nós somos mesmo Reino Humano e isso implica uma contradição terrível, porque é quando o poder de fogo aumenta que a inteligência vem a ser nossa maior burrice. E é aí que o bicho pega, porque na natureza, como prega o budismo, tudo passa, embora a herança de dores imemoráveis e o fast food (originado na alimentação de campanha dos soldados americanos) causem males que dispensam comentários. Ocorre que as guerras, o controle da natalidade e a ecologia não impediram que comprometêssemos as delicadas condições de sobrevivência do mundo animal que nos inclui.

O que têm em comum os instintos humanos e os animais? Por que tanto nos agrada ter os gatos com sua racionalidade altiva habitando nossa casa, os cachorros preenchendo de emoção fiel o nosso lar e como eles, perdidos acidentalmente ou mesmo quando sendo cruelmente jogados fora numa caixa no outro lado da cidade, algumas vezes conseguem voltar pra nós guiados só pelo instinto? Quase todos nós conhecemos histórias de animais e suas faculdades “extraordinárias”, como a dos elefantes na Tailândia, que pressentiram o tsunami e fugiram pras colinas sob os protestos de turistas em seu dorso, juntamente com os familiares que correram atrás, um pouco antes de chegar a água devastando tudo. O que temos de aprender com eles do que já sabemos de algum conhecimento ancestral inerente a nós? Assim o próprio instinto de sobrevivência evoluirá e seremos conduzidos a novos estágios, porque nós e os outros reinos somos filhos do mesmo universo que nos cerca e alimenta.

Então, se uma manga cair, tente lembrar o que você pensava no momento e o possível significado disso. Algo importante pode estar acontecendo ou por acontecer, principalmente se você estiver com fome. Uma mensagem sempre haverá nesse amarelo ouro sol dizendo que estamos digerindo o universo, em todos os sentidos.

“A beleza da natureza salvará o mundo, desde que salvemos a natureza”.
Dostoievski

Assim, tal qual o movimento das constelações que brilham a nossa volta, definitivamente a vida é muito bela.
Carlos Carlos

 

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