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‘Como el musguito en la piedra’

Por Marina Duarte
marinaduart@gmail.com

Como mulher, encaro minha existência a partir do meu útero. O que desejo parir? De que coisas, pessoas, sonhos quero emprenhar? Quero parir para o mundo um sentimento de acolhimento e nutrição, de criação e morte. Ser mulher é ser el musguito que brota en la piedra do concreto do mundo.

Mulher mãe, avó, menina. Mulher amor. O feminino é natureza, purificando o pulmão do mundo, resistindo à poluição dos sentidos. É a água que desentope a circulação dos sentimentos. É escorrer-se em lágrimas, sangue, suor e saliva.

É doar-se em gentileza e cuidado. É ser inspiração de poemas, forte, coracional. É canção de ninar, de protesto, de macumba. É lembrar que vida é mistério, que o ventre da existência não se explica, não se decifra, não se conquista.

Parir criatividade. Propor revoluções. Ter jogo de cintura. Bordar. Brincar de roda. Pintar a boca de vermelho. Gargalhar feito bruxa. Rebolar até o chão. Crer em simpatia. Arrancar sutiã. Sonhar. Embriagar-se. Abrir as pernas. Ser mulher é estar nua em suas fragilidades.

É queimar-se na fogueira dos riscos para defender sua sabedoria e intuição. É ensinar o mundo a se deprimir, a se aprofundar, a ser curioso, inconformado. Ser mulher é pedir perdão, é perdoar. É chorar na frente do mar e ter fé na lua. Encontrar sua paz.

O feminino exala prazer e liberdade. Exala dor e insegurança. Exala alma e conexão com o ventre. O poder da mulher se sente no ventre. Cavidade densa e profunda. Ser mulher é encher, transbordar e ficar seca. É um eterno retornar-se.

Tudo isso, entendendo a mulher como signo do feminino, não como gênero sexual. Esse ser selvagem mora em todos. Mas, para senti-lo é preciso coragem, derreter-se com doçura, e ter muita, muita fome.

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