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Centenário do poeta Cancão será comemorado em São José do Egito, dias 27 e 28 de julho

João Batista de Siqueira nasceu no dia 12 de maio de 1912, no sítio Queimadas, município de São José do Egito/PE.Começou sua vida poética na cantoria de viola, deixando essa prática na década de 1950, para se dedicar com afinco à poesia escrita. É considerado pelos seus pares o maior poeta do vale do Pajeú. Pesquisadores de sua obra veem o poeta como sendo uma versão popular dos poetas românticos do século XIX, a exemplo de Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Castro Alves.

Apesar de não ter frequentado o ensino formal das escolas, usava um vasto vocabulário, incomum para um poeta de sua formação.

Há quem afirme que Cancão, sentimental ao extremo, fazia versos até sonhando e comumente despertava, às madrugadas, para transportar seus sonhos ao papel da sensibilidade.

O poeta deixou seus versos imortalizados nos livros: Musa Sertaneja (1967), Flores do Pajeú (1969) e Meu Lugarejo. (1979). Escreveu também os folhetos de cordel Fenômenos da noite, Mundo das trevas e Só Deus é que tem poder, hoje, compilados no livro Palavras ao Plenilúnio, organizado pelo poeta e pesquisador egipciense Lindoaldo Vieira Campos Júnior.

Leia aqui entrevista com o poeta e pesquisador da cultura popular Ésio Rafael

Programação CENTENÁRIO DE CANCÃO:

Local: SÃO JOSÉ DO EGITO – CENTRO DE INCLUSÃO DIGITAL

SEXTA-FEIRA – 27.07.2012

 

15:00 – 16:00

 PALESTRA DE ABERTURA:

Cancão e Augusto dos Anjos: Diálogo entre o popular e o Erudito

Prof. Dr. Josivaldo Custódio

Universidade de Pernambuco – UPE

 

16:15 – 16:45

CANTORIA: Os dois coqueiros

Afonso Pequeno e Lázaro Pessoa

Apresentação: Marcos Passos

17:00 – 18:00

PALESTRA: O cantar do Pajeú: Tradição e oralidade na poética popular

Profª. Drª. Karlla Christine Souza

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN)

20:00 – 20:30

LANÇAMENTO DO LIVRO: Cancão, o gênio Inocente

Autor: Paulo Passos

20:15 – 21: 15

MESA DE GLOSAS: Ninho Roubado

Glosadores: Aldo Neves (Tuparetama) / Alexandre Morais (Afogados da Ingazeira) / Clécio Rimas e Dudu Morais (Tabira)  / Caio Meneses, Maciel Correia e João Filho (São José do Egito) / Zé Adalberto (Itapetim).

Apresentação: Marcos Passos

21:30 – 23:00

SHOW: Palavras ao Plenilúnio

Chico Pedrosa

Bia Marinho

Apresentação: Marcos Passos

 

SÁBADO – 28.07.2012

10:30 – 12:30

MESA DE PROSA: A casa do ébrio

(prosa sobre a vida e a obra de Cancão com amigos que conviveram com o poeta)

Prosadores:

Antônio de Catarina, Zé Silva, Edvaldo da Bodega, Sebastião Siqueira (Beijo), Cícero Formosino, Pedro Tunu, Reginaldo/Ida de Coraci./Joselito Nunes /Donzílio Luiz

Apresentação: Edinaldo Leite

15:00 – 16:00

PALESTRA: O conto popular e a poesia de Cancão: um estudo comparativo

Prof. Dra. Maria Nazareth Arrais

Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Local: Centro de Inclusão Digital

16:15 – 17:15

AULA-ESPETÁCULO: A serra do Teixeira e o nascimento do Pássaro Poeta

Edison Roberto

Marcos Passos

Greg Marinho

17:30 – 18:30

PALESTRA DE ENCERRAMENTO:

A poesia de Cancão como marco do Pajeú

Prof. Dr. Nélson Barbosa

Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Local: Centro de Inclusão Digital

  19:00- 20:00 Recital poético musical:

Diversos declamadores e músicos

Apresentação: Marcos Passos

 

20:30 – 21:45

MESA REDONDA: Cancão e a tradição poética do Pajeú

Aroldo Ferreira Leão

(Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF)

Neném Patriota

Colégio Interativo (São José do Egito)

Meca Moreno

(União dos Cordelistas de Pernambuco – UNICORDEL)

22:00 – 24:00

SHOW: Depois da Chuva

Em Canto e Poesia (São José do Egito)

Tonino Arcoverde (Arcoverde)

Lançamento do cd Depois da Chuva (Cancão / Tonino Arcoverde)

Apresentação: Marcos Passos

Conheça algumas poesias de Cancão:

ÁRVORE MORTA

Foste tu, velha braúna
A divisão da paisagem
A gigantesca coluna
Da Natureza selvagem
Abrias tua ramagem
Pelas tardes nevoentas
As borrascas violentas
Nunca te causaram danos
Antes de trezentos anos
Te açoitaram mil tormentas

Respeitaram-te os machados
Das primeiras gerações
Teus grossos galhos crispados
Desafiaram tufões
Venceste mil furacões
Desde os tempos de Cabral
Atalaia colossal
Soberbo gigante antigo
Talvez até deste abrigo
Aos filhos de Portugal

Por certo ouviste as cantigas
Das tribos depois da guerra
Filha das lendas antigas,
Rebento santo da Terra
Antes, ó virgem da serra,
Dos danos daquele raio
Pelo teu leve desmaio
Colhias na fronde tua
Lindos sorrisos da Lua
Nos noites do mês de maio

Estes teus grandes madeiros
Há uns cem anos passados
Se sacudiam maneiros
Cheios de viço, copados
Nos teus ramos delicados
Nas horas do arrebol
O pequeno rouxinol
Cantava com mais ternura
Colhendo a doce frescura
Das brisas do pôr-do-sol

Já tens um lado comido
Da era que foi ingrata
Este teu galho pendido
Relembra longínqua data
Em teu pé uma cascata
Se despenhava fremente
Teu tronco, velho e doente
Pelo cupim estragado
Foi muitas vezes lavado
Pela fragosa corrente

Hoje, só tens a carcaça
Sobre a estrada caída
Uma pessoa que passa
Medita e sai comovida
Uma parte apodrecida
Onde outrora os sabiás
Voando dos laranjais
Vinham pousar cantando
E hoje passam voando
Se assustam, não pousam mais

Das plantas foi a mais bela
Que entre a flora viveu
Quem sabe na vida dela
Quantos janeiros venceu …
Depois murchou e morreu
Ficou dos ramos despida
Para o poente estendida
Sem verdura e sem beleza
Talvez que nessa tristeza
Sinta saudades da vida.

Conheça mais poesias do grande Cancão aqui.

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