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‘Casa da Providência’, por Carol Cosentino

(carolcosentino@hotmail.com)

Quando convidada pela segunda vez a realizar uma atividade voluntária com crianças do Educandário Casa da Providência, novamente disse sim. Este ano o trabalho aconteceu durante a Semana da Criança, em outubro, com a faixa etária específica de meninas e meninos aos 10 anos de idade. Foi surpreendente a maneira como as 30 crianças presentes naquela tarde acolheram a mim e à proposta de Arteterapia que havíamos planejado, eu e Ligia, arteterapeuta contratada da Instituição. O Educandário Casa da Providência existe desde o século XVII, sendo mantido pela Santa Casa de Misericórdia e funcionando atualmente através do projeto social “Educação e Cidadania”, que promove, além das atividades de acompanhamento escolar, de educação física, dança, iniciação musical, oficinas de pintura e bordado. A articulação com o espaço para a realização do encontro de Arteterapia resultou da conjunção de dois fatores: da coragem do Educandário em convidar profissionais da área, assim como da nossa busca em oferecer uma colaboração que favoreça um maior dinamismo em termos de oportunidades à grupos mais carentes.

Já na portaria me foi indicado que esperavam por mim. Entrei no Educandário sendo tomada pelo sentimento de que meus passos caminhavam na direção de algo que era meu também. Uma das irmãs, contadora de histórias, veio me cumprimentar e dizer de seu desejo de facilitar momentos como este. Sorrimos. Despediu-se abençoando aquele instante. As crianças esperavam por mim, e iniciei a leitura do conto mexicano ‘O comprador de sonhos’. Chamou a minha atenção os olhos arregalados e presentes de alguns, que exprimiam palavras, exclamações e muchochos, à medida em que eu contava a história, enquanto que outros se deitavam nas esteiras de palha dispostas ao chão e simplesmente dormiam. Queria fazer lembrar a estas crianças, através do jovem protagonista da história, Agapito, o valor de se ter sonhos. No grupo, entre os sonhos de aquisição de um computador, o sonho de encontrar seu tio quando morresse, o sonho de entrar numa escola de dança e um sem fim de outros desejos foram chegando à fala. Após esse momento, realizamos a criação de caixinhas de sonhos diários, onde seriam depositados seus sonhos, seus sonhos apenas. Apenas?

Fica em mim a satisfação da troca afetiva que fluiu entre nós. Fica o desejo de contribuir mais, assim como a percepção de que é possível, e de que esse talvez seja este um antigo sonho meu sendo realizado, o voluntariado.

Recife, novembro de 2012.

Carol Cosentino é arteterapeuta, especialista em Teoria e Prática Junguiana, presidente da Associação Pernambucana de Arteterapia.

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