[CANTO DE LU] “Zé, capitão do além, que um dia nós dance forró de novo!”

| Por Lu Rabelo* |

Hoje a tristeza da impermanência me pegou. A ida de Zé da Macuca fez minha alma se recordar de momentos tão sublimes, de tanta alegria e conexão… Zé juntava, ‘aglomerava’.

Conheci o Boi da Macuca em 1994, acordando o povo no amanhecer do Carnaval de Olinda. Boi, boi, boi booi, boi, boi, boi, boi!

Em 2003 pra 2004, quando tava no Canal Capibaribe, comprei uma filmadora e o primeiro canto que eu fui registrar foi a Festa da Macuca. Fui filmando todo o caminho até lá, e lá me mantive de câmera em punho todo o tempo. Entreguei a edição da filmagem a Zé, numa fita VHS, com uma hora de duração. Foi uma das primeiras edições que fiz na vida, e não conseguia cortar quase nada, achando tudo bom.

Em 2016, o poeta Ícaro Água me convidou pra Roda de Poesia na Macuca. Eitaa! Só quem tava lá sabe dessas lembranças.

Soube ontem que Zé tava na UTI. Quando na tarde de hoje vi a notícia da passagem dele, chorei, chorei. Saudade de trechos tão alegres e plenos de minha vida, que a ida dele me faz constatar que de fato não serão mais vividos. É também choro de gratidão pela vida bem vivida.

Zé, capitão do além, que um dia nós dance forró de novo! E que a cumplicidade no entusiasmo e n’alegria ritme Terra e Céu.

* Lu Rabelo é cantadeira, arteterapeuta, jornalista e editora do Portal Flores no Ar.