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[AGENDA PE] 5º #OcupeCineOlinda dia 30/9

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Nesta sexta-feira (30/9) acontece o 5º #OcupeCineOlinda nesta sexta, a partir das 18h, na Praça do Carmo. O Cine Olinda encontra-se fechado desde 1965.

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MANIFESTO PELA REABERTURA IMEDIATA DO CINE OLINDA
O Cine Olinda é patrimônio histórico, cultural e afetivo, exemplar remanescente da arquitetura de cinemas de rua que existiram por boa parte do século 20 e 21 em diversos países. Em muitas cidades alguns foram preservados, se mantendo em atividade ininterrupta ou reativados, como parte de um movimento mundial de retomada dos cinemas de rua.

Na França são chamados de cinéma du quartier (cinemas de bairro). Lá, alguns bairros ainda possuem seus cinemas. No Brasil muitos cinemas de rua foram extintos, demolidos ou reutilizados com usos que descaracterizaram totalmente ou quase toda a arquitetura do cinema. A cultura da demolição, que vem de tempos remotos, ainda predomina. A Região Metropolitana do Recife já perdeu inúmeros sobrados, igrejas, arcos, casas e edifícios modernistas e quase uma centena de cinemas de rua.

Localizado na entrada da cidade, no bairro do Carmo, o edifício do Cine Olinda é um exemplar da arquitetura Art Déco, típica da fase pré-modernista das décadas de 20 a 40 do século passado. Apresenta planta retangular, simétrica, sala da platéia com tela e palco ao fundo, moldura para a tela com reentrâncias, estruturas da coberta em ferro, hall de entrada e bilheterias, marquises na fachada frontal, prolongando-se pelas laterais, cabine no pavimento superior, em destaque na fachada e janelas altas, podendo funcionar sem ar condicionado por estar localizado à beira-mar. Estas mesmas características foram encontradas em outros cinemas de rua do Recife e Olinda, o que aumenta a importância de se preservar esta sala.

Acreditamos em cinemas de rua como espaços de cidadania. Eles são modos de pensar e vivenciar as cidades; garantem vida aos centros e bairros; contribuem com a requalificação de espaços urbanos; valorizam a rua, os espaços públicos e de uso público; são pontos de encontro e sociabilidade; oferecem acesso à educação e cultura. Sem eles, uma cidade perde referências e o caráter simbólico no meio urbano. São edifícios que apresentam valores históricos, arquitetônicos, artísticos, contribuem com a preservação da memória urbana e deveriam estar na rota turística das cidades.

Pernambuco se tornou um dos principais polos de produção cinematográfica do Brasil, sobretudo em se falando de filmes que partem do respeito à nossa inteligência para construir narrativas críticas sobre o mundo em que vivemos. Estes filmes dificilmente serão vistos em cinemas comerciais, pois salas localizadas em shoppings são unicamente interessadas no lucro fácil e se deixam levar pelo “tsunami” de filmes americanos, um maçante e violento bombardeio cultural. Neste sentido, reivindicamos o Cine Olinda como mais do que uma opção de exibição de filmes num sítio histórico e sim como um cinema público, com o dever de dar espaço a produções independentes do Brasil e do mundo, além de abrigar atividades de formação e aglutinação da produção criativa.

Após 51 anos de seu fechamento, 37 anos de sua desapropriação, durante a gestão do prefeito Germano Coelho, e 35 anos de reformas malsucedidas, nos sentimos no dever de cobrar esclarecimentos e um maior compromisso dos gestores públicos responsáveis pela condução das obras e pelo equipamento em si. Tendo isso em vista, solicitamos ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan e à Prefeitura Municipal de Olinda um esclarecimento público sobre a gestão do equipamento, prestando satisfação sobre a atual situação e que se coloque em discussão estratégias e soluções para que ele seja entregue à população. Solicitamos que esta audiência seja feita nas dependências do Cine Olinda, seguida de deliberações sobre formas de ocupação e um plano de reinício das obras. Solicitamos também a criação de um comitê de fiscalização civil para acompanhamento tanto da obra quanto dos trâmites burocráticos para a viabilização da mesma.

Assinam
Movimento #CineRuaPE
#OcupeCineOlinda
Ponto de Cultura Cinema de Animação
Associação Brasileira de Documentaristas – ABD/PE
Associação Pernambucana de Cineastas – Apeci
Associação de Produtores de Cinema do Norte/Nordeste
Federação Pernambucana de Cineclubes – Fepec
Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta – Sodeca

Histórico – O Cine Olinda foi inaugurado em 1911, como CineTheatro de Variedades. Nos anos 1920, sob administração do Coronel Victor José Fernandes, ganhou nome atual. O artista plástico Bajado foi contratado em 1932, inicialmente pintando cartazes até ser promovido a gerente, onde permaneceu até 1950, quando abriu seu próprio cinema em Itapissuma. Bajado voltou para o Cine Olinda em 1953 e ali ficou até o cinema fechar, em 1965.

Dali em diante o Cine Olinda serviu de depósito de açúcar, boliche e alojamento para desabrigados, até ser desapropriado em 1979 por Germano Coelho, prefeito de Olinda. Os primeiros recursos para recuperação do espaço foram mobilizados em 1981. A restauração ocorreu em 2003, durante a gestão de Luciana Santos, que entregou a parte estrutural em 2004.

Em 2006, R$ 1,2 milhões foram captados do BNDES através da Lei Rouanet pelo Ipad – Instituto de Planejamento e Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico e Científico. Desse montante foram gastos cerca de R$ 80 mil, sendo o restante bloqueado pelo BNDES, alegando irregularidade na prestação de contas referente a esse recurso inicial.

Em 2008 iniciou-se a elaboração do atual projeto de reforma do Cine Olinda, estando apto a captar recursos pelo Ministério da Cultura (IPHAN) em 2010. No final de 2011 este projeto recebe recurso através de emendas parlamentares, dos então deputados Luciana Santos (R$ 1,5 milhão) e João Paulo (R$ 500 mil).

Em 2012 os recursos chegaram para o IPHAN que por sua vez exigiu da Prefeitura Municipal de Olinda um documento legal que comprovasse ser ela a proprietária do imóvel. A prefeitura descobre que este documento se perdeu anos atrás em uma enchente causada pela chuva.

Para resolver, precisaria conseguir um documento de emitido pelo então dono do imóvel, o Grupo Bompreço. Após obter o documento com o Conselho Empresarial do Walmart nos Estados Unidos, a prefeitura recebe a informação de que o prazo de execução do plano de trabalho venceu, estando assim legalmente impedida de realizar a reforma.

Um novo projeto foi elaborado e começou a ser executado em 2014 pelo IPHAN, que em maio de 2015 informou ter cerca de 50% dos serviços estabelecidos na planilha da obra concluídos. No entanto, suspendeu no último mês de março o contrato de R$ 1,257 milhão com a empresa DSH, responsável pelas obras de finalização. Cerca de R$ 593 mil, segundo o Iphan, foram pagos à empresa antes da suspensão do contrato.

 

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