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[AGENDA] Livro da poeta pajeuzeira Clene tem lançamento on-line dia 18/4

O livro ‘Sendo Maria também, que destino me convém?’ é o manifesto poético de Clene, uma Maria singular, que teimou em existir em uma sociedade na qual a memória e as histórias das mulheres não são valorizadas.

A publicação será lançada no dia 18 de abril de 2021, às 16h, numa live guiada pela artista Anaíra Mahin, filha de Clene, com a participação poética de Kleber Oliveira, Sammia Gonçalves e Luann Ribeiro. O encontro on-line será transmitido através do YouTube TEIA Série, com tradução em libras.

Clene na frente de sua casa, em São José do Egito. Foto: Luciana Carmen

Clene, de batismo Maria Clenice Viana Valadares (1946-2019), é natural de São José do Egito. Poeta, professora, capoeirista, ativista do feminismo e do meio ambiente, desde pequena tinha gosto pela leitura e escrita.

Ainda jovem, Clene foi integrante do Partido Comunista Revolucionário, o PCBR. Na década de 1970, morou nos EUA cerca de quatro anos, onde atuou junto aos Panteras Negras, partido político que surgiu nos Estados Unidos, na década de 1960, no contexto da luta da população afro-americana pelos seus direitos civis. Conheceu 32 países durante o exílio político. Quando retornou ao Brasil, no fim dos anos 1970, contribuiu para a fundação do Movimento Negro Unificado em Pernambuco. Publicou em antologias, folhetos, jornais acadêmicos e marginais. Participou de alguns filmes, como ‘Lisbela e o prisioneiro’, de Guel Arraes e ‘O silêncio da noite é que tem sido testemunha das minhas amarguras’, de Petrônio Lorena.

Clene partiu pra outra dimensão em 2019, deixando cá na Terra, além de seus poemas, a filha Anaíra Mahin, a neta Esmeralda Iara, o neto Omar Sereno e vastas contribuições para a educação, preservação patrimonial, cultural e ecológica de Pernambuco, particularmente de São José do Egito.

Andarilha, em boa companhia. Foto: Juvenil Silva

Seu livro ‘Sendo Maria também, que destino me convém?’, com poesias reunidas e selecionadas por Anaíra, expressa uma poética sensível às questões que atravessaram sua existência. Nele se visualiza o Sertão do Pajeú e as disparidades do coronelismo; sua infância e juventude; a família tradicional brasileira e suas contradições no tocante ao lugar das mulheres na vida privada dos lares; os Estados Unidos na ascensão das lutas pelos direitos civis; os movimentos políticos no Brasil frente à ditadura; a luta do povo negro e indígena por meio de sua cultura e paradigmas de resistência. ‘Sendo Maria também, que destino me convém?’ é um manifesto de amor e luta, de esperança e denúncia, de consciência e riso. A voz de uma mulher criança-moça-idosa que teima em existir em uma sociedade que cultua a juventude e não valoriza a história das mulheres.

Incentivada pelo Funcultura, a obra está sendo lançada em texto impresso e audiobook, com o objetivo de acessar, além do público em geral, a população idosa, surda e cega. O audiobook estará no disponível no canal do YouTube Sendo Maria, com acesso via QR code, ou indo direto à página do canal.

Parte da distribuição do livro será gratuita, destinada a bibliotecas escolares e comunitárias, coletivos de mulheres e de literatura, movimentos negros do Recife, Olinda, Caruaru, Vitória de Santo Antão, São José do Egito e outras cidades do Sertão do Pajeú.

O livro pode ser adquirido através do e-mail clenesendomaria@gmail.com , do perfil no Instagram @sendomariatambem, ou pelo fone/zap de Anaíra: (81) 99511.4103. Também será vendido na Livraria Praça de Casa Forte.

LIVE DE LANÇAMENTO DO LIVRO ‘SENDO MARIA TAMBÉM, QUE DESTINO ME CONVÉM?’
Com Anaíra Mahin, Kleber Oliveira, Sammia Gonçalves e Luann Ribeiro
Quando: 18 de abril, a partir das 16h
Onde: YouTube – Canal TEIA Série

Multidão
(Por Clene)

Renego essa multidão
que anda sem saber para onde
que vem sem saber de onde
que não vai nem vem

Renego essa multidão
que olha distraída
um homem que cai
de um andaime partido,
que ao chegar em casa
conta pra família
com indiferença
com conformação

Renego essa multidão
que fere que mata,
que anda sozinha
e apinhada nos ônibus
que é muita gente
e não é ninguém

Que um dia seja multidão amiga
Se ajude sem intrigas
suba sem disputas
que cai e levanta
que olha nos olhos
e canta reunida
o canto da paz, do amor, da reunião

Que um dia seja Multidão unida
de todas as cores
de mãos espalmadas
na ciranda da paz
em um mundo melhor

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